ALESC: SC quer usar status sanitário para enfrentar impactos da operação Carne Fraca

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Santa Catarina quer utilizar seu status sanitário diferenciado para minimizar os eventuais prejuízos causados às agroindústrias estaduais com os resultados da operação Carne Fraca, desencadeada pela Polícia Federal (PF) para investigar esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e produtores de carne. O assunto foi discutido em uma reunião realizada no fim da tarde desta segunda-feira (20) na Casa d’Agronômica, residência oficial do governador, em Florianópolis.

Produtores e governo estão preocupados com as suspensões temporárias de importação de carne brasileira, anunciadas no decorrer desta segunda por vários países, entre eles China e Chile. A carne de frango é o primeiro produto das exportações catarinenses. A avicultura tem o maior valor bruto da produção agropecuária catarinense, com um faturamento de R$ 7,1 bilhões em 2016. Santa Catarina também é a maior produtora e exportadora de carne suína do Brasil. O estado tem se destacado nos últimos anos pela abertura de novos mercados para o produto, principalmente na Ásia.

As carnes catarinenses chegam a mais de 140 países, atualmente, e representam 15% do PIB estadual. De tudo que o estado exporta, 25% correspondem a aves e suínos. Um revés nas exportações resultaria em desemprego e teria um impacto forte na arrecadação de impostos, o qual o governo estadual ainda não consegue mensurar.

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O governador Raimundo Colombo lembrou que, apesar de o estado ter apenas um frigorífico interditado (em Jaraguá do Sul), a repercussão da operação da PF na indústria local preocupa. Ele entrou em contato com países para os quais Santa Catarina exporta para ressaltar que o estado conta com um trabalho diferenciado na questão sanitária. Considerou, ainda, a necessidade de realizar novas visitas comerciais, além de trazer missões comerciais para o estado, com o objetivo de preservar os mercados já conquistados.

“Nós temos um status sanitário diferenciado. Esse é um trabalho árduo, de muitos anos, que não pode ser perdido. Se houver a necessidade de fazer novas visitas aos países que importam nossos produtos, faremos. Vamos fazer isso com muita transparência, como sempre fizemos”, ressaltou.

A reunião desta segunda, conforme Colombo, serviu também para a união de esforços em prol da agroindústria catarinense. Participaram do encontro representantes de entidades ligados ao agronegócio, autoridades sanitárias, deputados estaduais, além de membros do governo estadual.

“É algo que não está restrito à questão econômica. Estamos falando de um setor que começou há décadas, graças ao trabalho de imigrantes europeus, com uma característica familiar, que evoluiu e se transformou nisso que conhecemos hoje”, disse o governador. “Quem errou, deve ser punido. O consumidor deve ser protegido. Mas toda essa história construída com muito amor não pode se perder.”

O presidente da Associação Catarinense dos Avicultores, José Antônio Ribas Júnior, também destacou a necessidade de novas missões ao exterior para reconstruir a imagem do setor. “Nós não vamos bater nas costas de que fez coisa errado, mas esses são minoria”, disse. “Nós temos que dar tranquilidade ao consumidor brasileiro e reconquistar a confiança dos nossos importadores. É um momento de união de todas as partes da cadeia do agronegócio.”

Mobilização parlamentar
A Assembleia Legislativa participou da reunião desta segunda-feira. Estavam presentes o presidente da Alesc, deputado Silvio Dreveck (PP); o presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural da Alesc, deputado Natalino Lázare (PR); além dos deputados Gelson Merisio (PSD) e Mauro de Nadal (PMDB), representantes do Oeste catarinense, região que responde por 77% dos frangos abatidos no estado.

À tarde, o deputado Valdir Cobalchini (PMDB) afirmou que vai mobilizar a Assembleia, na forma de uma subcomissão ou frente parlamentar, na defesa da cadeia produtiva da carne. “É uma situação grave e complicada. Santa Catarina tem sua economia calcada no agronegócio. Isso requer uma ação permanente da Assembleia. Nada é mais importante para o estado que isso no momento”, justificou o parlamentar.

Marcelo Espinoza
Agência AL
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