Balneário Camboriú está na mira de investimentos do setor náutico

Projeto do BC Port, na continuação do molhe da Barra Sul, custaria R$ 275 milhões
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Projeto do BC Port, na continuação do molhe da Barra Sul, custaria R$ 275 milhões (Foto)

O mercado brasileiro de cruzeiros pode estar desaquecido, mas especialistas como o presidente da Associação Náutica Catarinense para o Brasil (Acatmar), Mané Ferrari, acreditam que com ajustes de rotas e de oferta de estruturas é possível que os olhos dos armadores se voltem novamente para o país – em especial para Santa Catarina.

Não à toa, há interesse dos atuais receptivos em se manter no mercado (São Francisco do Sul tem projeto de píer em andamento e Itajaí aguarda autorização da Secretaria Especial de Portos para tocar sua nova estrutura). E não faltam cidades interessadas em construir atracadouros para atrair os navios.

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O projeto mais avançado é provavelmente o do BC Port, em Balneário Camboriú. A proposta é funcionar como Double Home Port, servindo de base para os brasileiros que querem visitar o Mercosul e recebendo estrangeiros que chegam ao Brasil. A PDBS, empresa que detém o projeto, já tem manifestações de interesse dos operadores brasileiros, que pretendem usar Balneário como parada estratégica para rotas que seguem rumo ao Mercosul.

Além do píer, na continuação do molhe da Barra Sul, a proposta inclui um shopping e o primeiro hotel seis estrelas da região, com investimento estimado em
R$ 275 milhões. Recentemente a PDBS recebeu o “nada a opor” da Marinha, e encaminhou estudos de impacto ambiental à Fatma. No entanto, o projeto esbarrou num edital de chamada pública da prefeitura, que convocou todos os interessados em propostas para a Barra Sul e o Pontal Norte. A Secretaria de Turismo recebeu, inclusive, outro projeto de receptivo. Mas o edital foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), com suspeita de irregularidades.

Entrevista: Mané Ferrari, presidente da Acatmar

Como está o trabalho em busca de escalas para o Estado?

Estamos trabalhando através do GT Náutico para trazer de volta os cruzeiros e para transformar Santa Catarina em ponto de chegada, principalmente para os cruzeiros que seguem direto de Angra dos Reis (RJ) a Punta de Leste (Uruguai). Estivemos na (feira internacional) Sea Trade Cruise em 2015, mas este ano a Secretaria de Estado de Turismo e a Santur não participaram e isso acabou atrasando o trabalho que vinha sendo desenvolvido. Mas temos conversado com a Abremar para ações conjuntas, e trabalhado com a Embratur e o governo do Estado.

Há espaço para aumentar a oferta?

Estamos concluindo o levantamento hidrográfico das baías Norte e Sul em Florianópolis, o governo deve colocar em licitação. As empresas querem muito Florianópolis. Trazendo a cidade para o calendário, poderemos integrar os outros municípios. Se sairmos na frente e vendermos o Estado com grandes e minicruzeiros,
viramos grandes pontos de parada no Brasil.

Balneário Camboriú está nos planos dos empresários?

Estamos trabalhando também para Balneário se firmar. Ainda não foi impresso o novo catálogo de cruzeiros elaborado pelo GT Náutico, mas estarão lá todas as estações municipais para que possamos fortalecer o setor. Escutamos do próprio presidente da Norweegen (empresa de cruzeiros) que ele já estudou o Brasil e Santa Catarina é o lugar onde gostaria de estar. Mas o Brasil constrói portos onde não se pode chegar com os navios.

Falta apoio do poder público?

Precisamos de mais respaldo, retomar com força para que na próxima temporada consigamos trazer escalas. É claro que tem a crise e as taxas que afastaram as empresas. Mas Porto Belo está fazendo o dever de casa e continua recebendo navios. Isso é o município agindo sozinho, imagina se trabalharmos o Estado.

JORNAL DE SANTA CATARINA

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