Homicídios, furtos e roubos aumentam em Santa Catarina

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As estatísticas criminais de Santa Catarina acompanham uma tendência que vem desde o final do ano passado. Assim como em 2015, os 10 primeiros meses de 2016 foram de alta em assassinatos, furtos e roubos. Os homicídios, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP), aumentaram 12,8% na comparação com o mesmo período de 2015. Em relação a roubos, o crescimento foi de 8,17%, enquanto nos furtos foram 884 casos a mais (1%).

Nas apreensões de drogas nas cidades catarinenses o número ficou praticamente igual no comparativo. Em 2016 foram apenas duas ocorrências a menos. No entanto, o que cresceu foi a quantidade de drogas apreendidas. Somente de maconha, os policiais tiraram das ruas 5,2 toneladas. De crack foram 84,9 kg e de cocaína 56,9 kg. Os números da SSP também chamam atenção para os estupros, que cresceram 10% (veja todos os índices no gráfico abaixo).

Em entrevista por e-mail, o secretário de Segurança Pública do Estado, Cesar Grubba, confirmou o que os números apontam. Para ele, Joinville é a cidade que mais preocupa em relação a homicídios em Santa Catarina. Até esta quinta-feira, foram 118 na cidade, oito a menos que no ano passado. No entanto, o resultado ainda é abaixo do esperado já que uma força-tarefa enviada à cidade no começo do ano prometia reduzir as estatísticas de assassinatos. Grubba descarta que ocorram novas mudanças no comando das polícias da maior cidade do Estado, como foi feito no início de 2015.

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— Os resultados em investigação de homicídios são sempre colhidos no médio prazo, mas serão certamente agilizados em 2017 em vista da nova força de trabalho que para lá foi mobilizada — explicou o secretário.

Sobre os furtos e roubos, Grubba admite dificuldades:

— O combate aos furtos e roubos é trabalho constante, porém efeitos de redução são difíceis de alcançar, dado o volume e a alta reincidência delitiva.

Para o especialista em Criminologia e professor da Univali, Alceu de Oliveira Pinto Júnior, o crescimento na quantidade de drogas apreendidas revela uma migração das ações para outros crimes. Ou seja, com o fortalecimento no combate à entorpecentes, os criminosos passam a furtas e roubar.

— A partir do momento que temos aumento de apreensões de drogas, há prejuízo no tráfico, o que normalmente acaba resultando em furto e roubo. Por isso que o sistema de prevenção primário, que envolve saúde e educação, é tão importante. São medidas que diminuem os crime para que não gere migração — detalhou o especialista.

A disputa entre organizações criminosas em Santa Catarina, que ocorre com força na Grande Florianópolis e Joinville, é apontada por Oliveira como um dos fatos para o aumento dos homicídios:

— Tem que continuar combatendo a criminalidade. Mas o segundo ponto é a saída, o nosso sistema prisional. Tem que evitar que 70% voltem a cometer crime, como ocorre, e evitar que as organizações criminosas controlem o sistema prisional.

“Joinville é a maior preocupação em homicídios”

Em entrevista enviada por e-mail, o secretário de Estado de Segurança Pública, Cesar Grubba, admitiu que Joinville enfrenta o maior problema em homicídios em Santa Catarina. Até ontem, eram 118 assassinatos na cidade. Além disso, o secretário minimizou o crescimento dos homicídios no Estado ao afirmar que isso também ocorreu em outras regiões do país. Leia abaixo:

Tivemos durante todo o ano um aumento de homicídios no Estado. Como o Estado pretende enfrentar isso em 2017? Por que houve um novo crescimento assim como ocorreu em 2015?
O aumento das taxas de homicídios no ano de 2016 é uma realidade observada em praticamente todos os Estados da federação. A maior parte das motivações identificadas registram ocorrências de disputas e desavenças entre criminosos, principalmente em conexão com atividades ligadas ao tráfico de drogas. Uma fração dos números também demonstra motivações ligadas a crimes passionais, ocorridos no recesso dos lares e famílias, condição em que se torna muito difícil fazer prevenção.

O índice de resolução de homicídios caiu consideravelmente. Em que índice fecha o ano? E como a SSP pretende reverter esse quadro? Isso não aumenta a sensação de impunidade no Estado?
O índice de resolução de homicídios é fechado de um ano para outro, pois muitos casos ocorridos no semestre de um ano somente são esclarecidos e/ou resolvidos no semestre posterior. Isto porque a investigação criminal não se limita ao calendário, podendo demandar laudos, perícias, depoimentos, provas em geral, que só se materializam com o tempo e com trabalho. Portanto, os índices hoje apresentados mudam constantemente, sempre em uma crescente. Ainda assim, o índice hoje apurado no Estado é de 45,6%, muito acima da média nacional e à frente de muitos outros Estados da Federação. Em 2017 temos a expectativa de que o índice será aumentado, em face da formatura e nomeação de 470 novos policiais civis (delegados e agentes), todos já movimentados para as suas lotações de destino, do que resultará por certo grande incremento às investigações criminais e à solução de procedimentos.

Qual é a previsão de contratação de novos policiais para 2017? Haverá chamadas na PM, PC, IGP e Bombeiros? Quantos em cada? Qual é a data estabelecida? Pretende-se usar o excedente dos concursos em vigor?
Há previsão para contratações, porém sem quantitativos definidos, porquanto essa situação será projetada a partir de janeiro de 2017 com base nos indicadores da gestão fiscal do Estado. Há possibilidade legal de chamar os excedentes do concurso da Polícia Militar, o que será avaliado no tempo certo.

Está confirmada a inauguração do novo prédio da SSP no começo de 2017? Qual é a data prevista?
Resposta: Sim. Confirmado. Ocorrerá no primeiro semestre de 2017.

Joinville passou de 120 homicídios neste ano e deve se igualar ou até passar o ano passado, quando foram 126. A força-tarefa enviada à cidade não deveria reduzir esses números? Por que não diminuiu? Como solucionar esse problema de uma forma diferente da que foi aplicada?
A taxa 100 de homicídios em Joinville está em 21,1 por grupo de 100 mil habitantes, enquanto no Estado a média é 12,4. O município de Joinville é hoje a maior preocupação da segurança pública no aspecto de homicídios. Por esta razão foi direcionado para a região um número maior de novos policiais recém-formados. A Força-Tarefa foi uma ação pontual e episódica que surtiu os efeitos desejados, tendo resultado em grande número de prisões e apreensões, bem como também importantes elementos de prova para caracterização de crime organizado e avanços em inquéritos policiais. Os resultados em investigação de homicídios são sempre colhidos no médio prazo, mas serão certamente agilizados em 2017 em vista da nova força de trabalho que para lá foi mobilizada e que agora já está em lotação permanente, ou seja, os novos policiais civis, militares e técnicos periciais do IGP.

Tivemos um ano em que os furtos e roubos continuaram crescendo em 2016. Como a SSP trabalha para reduzir esses índices?
Toda a estrutura da segurança pública em Santa Catarina vem desenvolvendo os seus trabalhos com muito empenho, dedicação e competência. Casos graves e de grande repercussão foram esclarecidos e concluídos, o combate ao tráfico de drogas está sendo forte, as investigações criminais estão mais ágeis, há operações policiais todos os dias, o nível de integração entre as forças é bastante positivo e os resultados visando estabilização já começam a ser observados. O combate aos furtos e roubos é trabalho constante, porém efeitos de redução são difíceis de alcançar, dado o volume e a alta reincidência delitiva.

Os índices de Florianópolis em relação a homicídios assustam. O que a SSP fez e fará para reduzir esses números?
A taxa 100 de homicídios em Florianópolis está em 15,5 por grupo de 100 mil habitantes, enquanto no Estado a média é 12,4. Existem mais 4 municípios com taxa 100 maior que Florianópolis, inobstante tratar-se de uma capital. Além disso, a caracterização urbana de região metropolitana e com municípios adjacentes conurbados tem gerado fatores contributivos para os homicídios, sobretudo aos casos em conexão com tráfico de drogas e crime organizado. A taxa da Capital está pouco acima da taxa média do Estado, que é atualmente 12,4, porém permanece posicionada na faixa de menor índice dentre as demais capitais do país. Os latrocínios diminuíram em Florianópolis. Em relação a roubos, tivemos em 2015 um número de 1.522 ocorrências contra transeunte, e 1.436 este ano. Nos roubos de veículos, são 340 casos do ano passado contra 322 deste ano. Em roubos a residência, foram 101 casos no ano passado contra 92 neste ano. Os dados são referentes ao período de 1º de janeiro a 20 de dezembro.

 

 

(Por Diário Catarinense)

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