Isaque de Borba | Camboriú – Berço da República em SC

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Pois é, Camboriú sempre foi uma cidade muito aguerrida em termos políticos. As pessoas sabiam quantos votos tinha em cada urna, pois as famílias eram divididas por partido. Se 10 membros tivesse a família, os 10 votos seriam do partido do chefe da casa. Era só contar quantos membros eleitores tinha cada casa.
Os principais colégios eleitorais eram Caetés, Rio Pequeno, Macacos, Limeira, Braço, Barra e Canto da Praia e Sede.
Numa eleição em Camboriú o Prefeito Francisco Barreto ganhou por 4 votos, quer dizer que empatou em quase todas as urnas. Veja um verso do pasquim do Loca Cambriú.
Foi a Praia, Barra e Braço que matou o PSD.
Pra eles foi um castigo que Deus mando pra eles sufrê;
Ficaro tudo sem jeito, sem sabê o que fazê.
Isso significa dizer que empatou em todos os lugares, com diferença de 1 voto na Praia, 1 voto no Braço e 2 na Barra.
Parece que 4 voto Deus mandô por um milagre
Só pra dá castigo pro seu Antonico Fade (Antônio Fadel Filho)
E defendê o Municipo e também o nosso padre.
Pois é, para o nosso poetinha carola, havia um tédio generalizado nessa titica de galáxia e Deus não tinha muito mais o que fazer e andava por aqui trabalhando de cabo eleitoral dos udenistas, enchendo o saco dos peessedistas, só porque não gostavam do Padre André.
São picuinhas e cuís politiqueiros como essa que faziam de Camboriú uma cidade com fama de gente extraordinariamente politiqueira. Sabem que para a política, quanto mais encarniçado, mais ‘injuado’, o sujeito é, mais ele tem valor pros partidos.
Essa “qualidade “ chamou atenção de um político muito famoso no Estado o deputado Manoel Correa de Freitas, principal pregoeiro da república em SC.
O cabra se desancou lá de Joinville e veio aqui procurar uns cabra intisicados pra formar o partido que iria dar o golpe na monarquia.
Fosse pra fazer protesto contra governos, não tinha terra mais adubada que Camboriú. O ideal republicano juntou os inimigos quase todos na mesma mesa. Feitos Pilatos e Herodes que se juntaram pra matar o Cristo, aqui se juntaram pra puxar o tapete de Pedro II. Isso não poderia dar certo!
Pois bem, fundaram em Camboriú o primeiro clube republicano de SC em pleno regime monárquico. Sem nenhuma repressão, né! Isso é que era democracia.
Expulsaram o único capaz de administrar esse país continental, pra jogar nas mãos de um bando de gente despreparada. Deu no que deu. Guerra e guerrilhas civil pra todo canto. O bando empurrou o Pais para um atoleiro financeiro de dar dó. Os primeiros anos do século XX o Brasil vivia em situação parecida com a África. Salvo 2, bem esticando 3 gestões, o Brasil só viu e vivenciou desastre atrás de desastre financeiros, que sobrevive do peso da carga tributária, que no final dos roubos, ainda sobre um bucadinho pra investimento.
Fizeram a reunião bem longe da sede do município que era na Barra, porque lá o Padre João Rodrigues não dava moleza pra essa oposição desvairada. Fosse hoje caberia todos os adjetivos político-ideológicos: fascistas, comunistas, socialistas, esquerdistas, etc.
O Brasil era 1º mundo. O primeiro a ter telefone, telégrafo, rede ferroviária, energia elétrica e os cambaus. A esquerda golpista destituiu o imperador com ajuda do exército (como é bom dizer isso hoje). O mandatário mais sábio do mundo, teve que enrolar a trouxinha e foi-se embora, sem levar um tostão dos cofres do seu País amado. Ao contrário dos vigaristas mercenários de hoje que querem indenização pra tudo.
Em homenagem a Pedro II, to saindo de casa agora pra ver Dom Bertrand de Orleãs e Bragança, que é o único que eu aturo falar de política. Vai estar hj em Brusque e agradeço meu amigo Aluízio Haendchen Filho por me proporcionar a oportunidade de ouvir gente inteligente falando coisas que eu gosto de ouvir.

 

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14718643_993064074152666_7680022489687391035_nPor
Isaque de Borba Corrêa
Historiador e Escritor
Nasceu no “logar Praia”, zona rural da cidade de Camboriú. É membro da Academia Desterrense de Letras e da Academia de Letras de Balneário Camboriú.
https://www.facebook.com/isaquedeborba.correa

 

 

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