Presidente do Ibama pede exoneração após ministro questionar contrato de aluguel de caminhonetes

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A presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Araújo, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (7).

O pedido foi feito um dia após o novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter criticado no Twitter um contrato de locação de veículos do órgão.

Suely assumiu o cargo no Ibama no governo do ex-presidente Michel Temer. No pedido de exoneração (leia a íntegra mais abaixo), ela argumentou que, mesmo antes do presidente Jair Bolsonaro assumir, o nome do seu sucessor já vinha sendo “amplamente” comentado na imprensa e dentro do próprio Ibama.

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Aluguel de caminhonetes

A polêmica em torno do aluguel de caminhonetes começou com uma postagem do ministro do Meio Ambiente no Twitter. Veja a sequência dos fatos:

“Quase 30 milhões de reais em aluguel de carros, só para o IBAMA….”, escreveu o ministro no Twitter, neste domingo (6).

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Ele se referia a um contrato do Ibama, assinado em dezembro de 2018, no valor de R$ 28,7 milhões para aluguel de caminhonetes a serem usadas pelo órgão.

Também no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer um comentário sobre a declaração de Ricardo Salles. Ao compartilhar o post do ministro, o presidente disse que o governo está desmontando “montanhas de irregularidades”.

“Estamos em ritmo acelerado, desmontando rapidamente montanhas de irregularidades e situações anormais que estão sendo e serão COMPROVADAS e EXPOSTAS. A certeza é; havia todo um sistema formado para principalmente violentar financeiramente o brasileiro sem a menor preocupação!”, escreveu o presidente.

Texto que Bolsonaro escreveu no Twitter, sobre declaração do ministro do Meio Ambiente, e depois apagou — Foto: Reprodução/Twitter

Texto que Bolsonaro escreveu no Twitter, sobre declaração do ministro do Meio Ambiente, e depois apagou — Foto: Reprodução/Twitter

Depois, Bolsonaro apagou o texto e manteve apenas o compartilhamento da mensagem do ministro.

No mesmo dia, a presidente do Ibama disse em nota que refutava com “veemência qualquer insinuação de irregularidade na contratação”. Ela explicou que o contrato previa aluguel de 393 caminhonetes adaptadas para fiscalização e atendimento a emergências ambientais (como incêndios), que seriam usadas nos 26 estados e no Distrito Federal. Suely também disse que o contrato foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

“A acusação sem fundamento evidencia completo desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções. O valor estimado inicialmente para esse contrato era bastante superior ao obtido no fim do processo licitatório, que observou com rigor todas as exigências legais e foi aprovado pelo TCU”, disse Suelly na nota.

Ainda neste domingo, novamente no Twitter, Ricardo Salles afirmou que não levantou suspeita sobre o contrato, mas quis chamar atenção sobre o valor, que considerou elevado.

“Não levantei suspeita sobre o contrato, apenas destaquei seu valor elevado, conforme meus esclarecimentos na própria postagem. O valor elevado também foi questionado pelo TCU desde abril e, portanto, não precisava ser assinado a dez dias da troca de governo”, escreveu o ministro.
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