Sobe para 10 mil o número de pessoas afetadas pela chuva em 88 cidades de Santa Catarina

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Depois do maio mais chuvoso dos últimos 25 anos em Santa Catarina, junho começa com situação semelhante – em apenas três dias choveu o que estava previsto para o mês inteiro. Na quinta-feira, uma nova frente fria deve passar pelo Estado, o que preocupa a Defesa Civil, já que o solo está encharcado e os rios estão cheios.

De acordo com o último relatório divulgado pela Secretaria de Defesa Civil às 17h20min desta segunda-feira, 10.127 pessoas foram afetadas em 88 municípios catarinenses, sendo 1.160 desalojadas, que estão na casa de parentes e amigos, e 1.178 desabrigadas, que estão em abrigos fornecidos pelas cidades.

O Planalto Sul, o Alto Vale do Itajaí e a região do rio Uruguai são os pontos mais afetados no Estado até o final da tarde desta segunda-feira, 5. Pelo menos 29 municípios catarinenses devem decretar situação de emergência por conta da chuva, segundo a Defesa Civil, sendo Rio do Sul, Lages e Rio do Oeste os municípios mais atingidos. Na rede estadual, pelo menos 63 mil alunos não terão aulas nesta terça-feira e 17 pontos, de nove rodovias, têm registro de ocorrências.

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Para o Secretário da Defesa Civil, Rodrigo Moratelli, no momento é fundamental trabalhar com a informação e mobilização, principalmente no trabalho preventivo, antes que aconteça algo mais preocupante. Segundo Moratelli, desde a semana passada os municípios se mobilizaram antecipadamente, diminuindo a quantidade de afetados e as perdas dessas pessoas.

— Todo cidadão deve ter a consciência de autoproteção. O fato que mais chama a atenção no momento são os deslizamentos. A inundação gradual não costuma gerar vítimas, mas o deslizamento é muito suscetível a isso. Pedimos que população observe o local onde habita, as características das encostas próximas e, em caso de qualquer alteração, entre em contato com a Defesa Civil (199) ou o Corpo de Bombeiros (193) para que seja feita uma verificação — explica.

O governador Raimundo Colombo esclareceu em coletiva de imprensa que o Governo Federal está informado da situação e, assim que as águas baixarem, será solicitada ajuda de Brasília.

— O que mais preocupa é a continuidade da chuva, o solo está alagado, rios estão cheios, uma das barragens está vertendo, mas estamos conseguindo administrar com bastante sucesso a situação, o que está amenizando o problema. Mas será uma semana difícil, chamo a atenção de todos que devemos dar apoio às famílias, proteger as pessoas – a vida e, se for possível, o patrimônio — declarou Colombo.

Confira a situação das cidades catarinenses afetadas pela chuva:

Acumulado de chuva nas últimas 24 horas em SC, na medição das 18h30min, segundo a Epagri Ciram Foto: Epagri Ciram

Rio do Sul, no Alto Vale de Itajaí, é a cidade mais afetada. Até o fim da tarde desta segunda-feira, 20 abrigos estavam abertos atendendo 739 pessoas desalojadas. Segundo a Defesa Civil do município, pelo menos 18 mil pessoas e 6,1 mil imóveis foram afetados pela cheia do Rio Itajaí-Açu. A enchente atinge 18 bairros da cidade e a secretaria trabalha com cota para inundação de 12 metros e estado de atenção a partir de 13 metros. Às 18h desta segunda-feira o nível do rio era de 10,18 metros.

Desde domingo, a chuva mais intensa tem se concentrado na porção sul do mapa de Santa Catarina, desde o Oeste à Grande Florianópolis. Imagens geradas pelo radar de Lontras (veja animação abaixo) mostram a movimentação das nuvens das 15h às 18h. Em vermelho, estão as mais carregadas, com potencial de gerar chuva forte e provocar tempestades.

Em Lages, na Serra Catarinense, choveu 184 mm nas últimas 48 horas. Todas as escolas da rede pública municipal e estadual seguem sem aulas. O cenário é mais complicado nos bairros Passo Fundo, Sagrado, São Sebastião, São Vicente e Guarujá. Pelo menos 171 pessoas estão em seis abrigos públicos da cidade. A assistência humanitária distribuiu 288 cestas básicas, além de kits de limpeza, higiene pessoal e colchões na cidade.

O nível do rio Itajaí-Açu em Blumenau subiu três metros desde as 22h de domingo. A previsão é que o rio chegue a 8,45 metros às 2h de terça-feira. Com isso, sete ruas da cidade seriam alagadas. Desde o domingo à noite até o momento, foram registradas 102 ocorrências, a maioria de deslizamentos e obstrução de ruas.

O abrigo da Igreja Evangélica Livre de Blumenau, localizado na Itoupava Norte, foi aberto pela Prefeitura de Blumenau para receber as famílias atingidas por deslizamentos ou que moram nas ruas com as menores cotas de enchente. Todos os serviços de saúde e educação na cidade seguem atendendo normalmente. As cotas de cada rua podem ser conferidas pelo site do AlertaBlu.

Em Brusque, o rio Itajaí-Mirim atingiu o maior volume desde quinta-feira, chegando a 7,86 metros por volta das 14h30min. Segundo o coordenador da Defesa Civil de Brusque, Edevilson Cugiki, após o pico, o nível do rio começou a descer. Foram registradas 14 ocorrências, mas nenhum morador procurou o abrigo. Pelo menos 15 famílias tiveram as residências afetadas e foram levadas aos parentes mais próximos.

Também no Alto Vale do Itajaí, 186 pessoas estão desabrigadas em município de Rio do Oeste. O nível do Rio Itajaí do Oeste chegou a 8,31 metros às 20h deste sábado, o máximo registrado desde o início da chuva foi 8,39 metros na sexta-feira. O nível médio do rio no mês de abril foi 0,5 metro.

No Oeste catarinense, o Rio Uruguai está 9,81 metros acima do nível médio considerado normal em Itapiranga, às 19h desta segunda-feira. Ele subiu cerca de dez centímetros por hora mas estava estabilizando segundo informação dos Bombeiros de Itapiranga. A partir de 10 metros há risco que atinja uma escola, seis moradias, casas de camping e o subsolo de algumas lojas.

No Sul do Estado, o gestor-coordenador da Defesa Civil, Djalma Alves informou que o rio Tubarão saiu do leito normal por conta da chuva, atingindo a estrada na localidade da Madre, mas ainda não as residências – fato que pode estar ocorrendo em Bom Pastor. Todo o o efetivo da Defesa Civil está em plantão para o atendimento de ocorrências e orientação da população.

Por Diário Catarinense

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