“Temos nos esforçado para fazer as coisas acontecerem”, diz secretário de Saúde, Vicente Caropreso

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Às vésperas de tirar férias, o secretário de Estado de Saúde, Vicente Caropreso, enfrenta uma tormenta. Nesta segunda-feira, o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, anunciou a suspensão das cirurgias eletivas por falta de materiais e o Cepon, a redução nos horários de atendimento do ambulatório. No mesmo dia, o diretor do hospital, Carlos Schoeller, foi exonerado do cargo. E acompanhado do governador Raimundo Colombo (PSD), corre o risco de enfrentar uma denúncia do Ministério Público por supostas de irregularidades nos repasses à saúde.

Em entrevista à NSC TV, Caropreso falou sobre a situação do Hospital Infantil e dos repasses às unidades hospitalares:

Qual é a situação hoje do Hospital Infantil de Florianópolis?

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Algumas cirurgias foram postergadas, adiadas por alguns dias. Fizemos esforço de quarta em diante, intensificando o pedido para a Secretaria da Fazenda fazer o repasse. Ele deve ser feito nesta terça-feira. Então, emergencialmente, pedimos uma ajuda para a Associação dos Voluntários (Avos) para que coloque à disposição uma determinada quantia não prevista nas licitações. Mas em uma semana, tudo estará normalizado e toda a sequência de cirurgias emergenciais e eletivas seguirá normalmente no Hospital Infantil.

Durante essa semana as cirurgias ficam suspensas então?

 As cirurgias devem ficar canceladas por dois ou três dias, mas a partir desta terça-feira com certeza vamos ter a reposição de alguns elementos. O ato cirúrgico tem que transcorrer do início ao fim, com garantia de tudo. Nós temos aqui uma força-tarefa para repor todos os materiais que foram solicitados em lista há alguns dias pela direção do Hospital Infantil.

Quando chega a verba de 200 mil que vem por meio da Avos?

Ela já esta à disposição da secretaria para usarmos a partir de terça-feira. Vamos comprar os materiais que não tinham entrado em licitação ainda. Com a ajuda da Avos, de dois a três dias tudo estará normalizado nas cirurgias, mas precisaremos de uma semana para todos os procedimentos voltarem.

A verba da Secretaria a Fazenda já era prevista? De quanto é e qual a origem dela?

É um repasse que viria de qualquer maneira, mas estamos priorizando essa área hospitalar. Nosso dia a dia tem sido de priorizações. No caso, agora, para os setores de urgência, centro cirúrgico e UTIs de hospitais públicos. Então, são mais de R$ 3,5 milhões que foram colocados à disposição pelo governo para darmos uma regularizada por vários meses para frente. E uma verba usual, que viria de qualquer maneira, apenas esse repasse veio atrasado, já que havíamos solicitado antecedência, mas o Tesouro nos falou que seria possível só amanhã. Então, vamos aguardar e emergencialmente colocar à disposição outros elementos.

Essa verba de R$ 200 mil não poderia ter sido disponibilizada antes para que o hospital não vivesse essa situação?

Estávamos esperando o repasse dos recursos desde a semana passada, então hoje foi colocada uma força-tarefa para resolver essa situação. Infelizmente, algumas coisas aconteceram, mas eu acho que dentro de dois ou três dias tudo vai estar normalizado. Isso é uma questão de honra pra mim.

A exoneração do diretor acontece depois da falta de materiais básicos vir à tona. De quem foi a iniciativa?

Partiu dele mesmo. O Carlos Schoeller é uma pessoa que conheço há mais de 30 anos, ex-secretário de saúde, uma pessoa que deu sempre o seu empenho pelo hospital. A atitude dele é para se colocar à disposição do secretário para enfrentar as dificuldades. Mas tenho certeza que Mauricio Silva vai prosseguir agregando o corpo clínico, e será solidário na dificuldade que estamos enfrentando.

O senhor esta saindo de férias. Quem fica? Acha que é o momento para tirar férias?

Murilo Capella que fica, já foi secretário de Saúde, tem todas as condições de colocar em dia as questões. E André Bazzo, para assuntos finalísticos. E o doutor Marcelo Lemos, que é superintendente de hospitais da rede própria. Temos uma programação, compromissos são compromissos. É uma semana, e a Secretaria ficará em boas mãos. Eu ficarei ligado a todo instante

De quanto é o rombo da saúde? Tem alguma novidade orçamentaria?

Temos um atraso de repasse da Secretaria da Fazenda de R$ 160 milhões, um passivo de R$ 540 milhões, mais o que foi pego pela judicialização de R$ 680 milhões, quase R$ 700 milhões. Conseguimos pagar alguns desses atrasos já nessas últimas semanas, então reduziu um pouco a conta. Temos nos esforçado muito para colocar a casa em dia. Estamos reduzindo nossos custos em relação às 13 unidades hospitalares do Estado. Foram R$ 68 milhões a menos que gastamos em relação ao ano passado no primeiro semestre. Horas extras desnecessárias, sobreavisos, melhorias no faturamento de contas e qualificação de AIHs (Autorização de Internação Hospitalar) fizeram um resultado altamente expressivo. Temos nos esforçado diuturnamente para fazer as coisas acontecerem, e nos hospitais públicos é onde temos mais dificuldade de gestão. Temos procurado a perfeição. Se não funciona, é por estrutura física ou falta de repasse. O que nos assusta é a judicialização. Só neste ano, até fim de julho, R$ 212 milhões foram demandados por ações judiciais em medicamentos e exames. Mais R$ 5 milhões em  procedimentos. Da R$ 217 milhões até agora, é um recorde. É a grande discussão que todos os poderes têm que saber. Se tirarem do orçamento do dia a dia da saúde, não temos condições de saber de onde virá o dinheiro extra. Se todos são favoráveis, têm que saber de onde vem o valor. Se pedir para deputado, Judiciário, Executivo, são favoráveis. Ou então o orçamento da saúde precisa ser o orçamento mais um valor para a judicialização. Entre 2013 e 2014, SC, RS e SP foram judicializados mais do que a própria União. Estamos no topo. Temos os maiores índices. Não sabemos as razões. É um problema de 80 a 90 demandas por dia.

 

Fonte: DC/NSC

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