Dados divulgados pelo site Poder 360 apontam que em 13 das 27 Unidades da Federação brasileiras, o número de beneficiários do Bolsa Família é maior que o de empregos com carteira assinada. Todos os estados do Nordeste e mais quatro do Norte apresentam esse cenário.
O Maranhão é o estado com a maior relação de dependência do benefício, com duas famílias recebendo Bolsa Família para cada trabalhador com carteira assinada no estado. Antes da pandemia, eram 8 estados com mais benefícios que empregos formais, número que subiu para 10 em 2020, 12 em 2022 com o Auxílio Brasil e agora, 13.
A ampliação de 49% no número de beneficiários do Bolsa Família no último ano do governo Bolsonaro é a causa principal para esse aumento na proporção. Depois de passar 3 anos com aumentos discretos no número de beneficiários, o governo ampliou de 14,5 milhões para 21,6 milhões de atendidos no ano eleitoral de 2022, incluindo pelo menos 3 milhões de novos beneficiários no programa nos 3 meses que antecederam as eleições.
Além disso, há um processo de mudança no mercado de trabalho, com aumento do emprego por conta própria, que pode ser por opção ou falta de opção, e retomada mais forte no mercado informal. Segundo o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, isso pode levar a um resultado preocupante: estagnação ou redução da contribuição dos assalariados nos tributos brasileiros.
O Bolsa Família é o programa social mais focado, beneficiando a população mais pobre, quem realmente precisa, em vez de beneficiar outros grupos. O aumento apressado dos cadastros às vésperas da eleição pode ter reduzido a eficiência da ação. Uma parte do aumento de beneficiários do Bolsa Família deve ser revertido com a revisão pelo governo dos cadastros do programa social que considera irregulares, fala-se em 2 milhões ou mais.