A falta de transparência da FECAM me incomoda

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A entidade que representa os municípios catarinenses, e é bancada por eles, tem uma especialidade que se aprimorou nos últimos anos. A falta de transparência tem sido o principal norte da FECAM e isso me incomoda, muito.

Mais do que a falta de transparência, o que mais me chateia é o fato de parecer que somente eu estou incomodado com isso. Me incomoda pois é meu dinheiro, cobrado de mim em impostos em duas cidades, que está bancando tudo isso. Dinheiro meu e de milhares de catarinenses. São milhões de reais por ano que sai do bolso do contribuinte e cai na mão de meia dúzia de pessoas que não estão muito interessadas em prestar contas disso.

Não se vê prefeitos, que repassam os valores para a FECAM, questionando ou cobrando o mínimo que se espera de uma entidade mantida com dinheiro público, a transparência. Nem mesmo a imprensa de Santa Catarina, que cobra de políticos o respeito com dinheiro público, denunciam casos de corrupção e se revolta com os gastos públicos, parece se importar com isso. O silêncio é ensurdecedor.

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Não é de hoje que venho denunciando nesta coluna as barbaridades da FECAM. Até fui acusado por tabela de ser pago para falar mal da gestão, só não disseram por quem e nem citaram o nome para não ter que provar a fala.

O problema é que hoje não dá nem para fiscalizar a FECAM, pois na época do ex-presidente Clenilton, as barbaridades pelo menos apareciam, os contratos milionários estavam disponíveis para a população levantar os cabelos, as contratações dos chegados eram feitas às claras. Agora, na atual gestão, nem o balancete mensal está indo para o site. Prestações de contas estão sem atualização há meses. Os contratos não tem atualização desde outubro do ano passado quando lançaram o novo site.

Em janeiro, cobrei a transparência e atualização dos dados ao atual assessor de comunicação, que não gosta de ser chamado de assessor mas sim, consultor, Upiara Bosch. O mesmo disse que a situação entraria na sua pauta interna de cobranças. Acho que o “consultor” está sem moral alguma pois, ou a questão não entrou em pauta, ou as mesmas não foram atendidas. Nem mesmo o contrato de Upiara está disponível no site da FECAM.

A minha procura na manhã deste domingo ensolarado, na verdade, era para saber quem desenvolveu e quanto cobrou pelo desenvolvimento de uma “ferramenta” lançada como desenvolvida pela FECAM, para gerenciar recursos do Fundo Nacional de Saúde. Diz-que foi em parceria com o Cosems, mas não achei nada sobre o assunto no site do conselho estadual de saúde.

A tal ferramenta foi anunciada no VII Congresso de Secretarias Municipais de Saúde, na semana passada. Quem apresentou a ferramenta foi Fernando Schafaschek, dono da Optima Soluções, que tem poupudos contratos milionários com a FECAM e já foi tema de abordagens nesta coluna. Contratos estes bem estranhos, para não dizer suspeitos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento dos portais dos municípios.

Para minha surpresa, não achei absolutamente nada que pudesse me informar quanto foi pago por tal ferramenda FNS, embora o desenvolvimento já tenho ideia de quem realizou.

Dando uma olhada nos documentos da FECAM, os que sobram por lá, encontrei até exame admissional de terceirizado. Sim, contrataram um CNPJ para prestar serviço e o mesmo fez exame admissional. Aliás, tenho uma solicitação de acesso a informação sobre alguns contratos realizada em fevereiro de 2022 e nunca foi respondida.

A falta de transparência da FECAM me incomoda e deveria incomodar muito mais gente. Pois o discurso de transparência dos seus gestores se resume só a mídia que eles fazem para ter o poder sobre a entidade e poder agregar seus chegados. Na hora de prestar conta, a transparência é na verdade uma densa penumbra, de contratos suspeitos e total falta de satisfação sobre o uso do dinheiro público.


A falta de transparência da FECAM me incomoda
Poucas e Boas – Por Gian Del Sent

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