A “Vergonha Alheia” de cada dia III

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Eu demorei tanto para escrever esta coluna que os assuntos que me causam vergonha, sem nem estar na pele dos outros, acumularam e eu espero lembrar de todos.

E olha que não é fácil engolir hein. Tem vergonheira para tudo quanto é lado.

Cadeiras 

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Voltaram novamente com aquele papo besta de diminuir o número de cadeiras no legislativo municipal. Uma grande bobagem e explico porquê. Quando não se está na situação é fácil falar em diminuir o número de cadeiras, mas sem diminuir os benefícios. Desta vez, é Nilson Probst que protocolou o projeto vergonheira para baixar de 19 para 13 vereadores.

Primeiro, tenho a dizer que muito poder na mão de poucos é algo muito perigoso. E entendam, com 19 ou 50 vereadores, o valor repassado para o legislativo continuará o mesmo e continuarão gastando. Você não verá esse valor na sua rua ou na escola do bairro.

Cadeiras II

Continha básica, em papel de padaria. Hoje, 19 vereadores com salário de R$ 13.215,00 cada, mais R$18.600,00 de verba de gabinete, custam ao legislativo mais de R$ 7,2 milhões por ano. Se baixar para 13 vereadores, com o mesmo salário e mesma verba de gabinete, esse valor cai para R$ 4.964.000,00 por ano.

Agora vamos imaginar um cenário perfeito, onde a verba de gabinete caísse pela metade e os vereadores abrissem mão de 20% dos seus salários. Seria R$ 10.562,00 de salário e R$ 9.305,00 de verba de gabinete para cada edil. O valor para os 19 vereadores, por um ano, ficaria em R$ 4.529.676,00. Ou seja, se cortasse 50% da verba de gabinete e 20% do salário dos vereadores, seria mais barato do que se diminuísse o número de cadeiras.

Legislativo bom, é legislativo com representatividade. Quanto mais representantes, melhor. Dos vereadores que pesquisei no Portal da Transparência hoje, a maioria usa a verba de gabinete quase em sua totalidade. Se os vereadores querem falar em economia, comecem por cortar na própria carne. Tudo que for além disso, é balela e papo eleitoreiro.

Economia

Por falar em economia, quem veio com esse papo besta de economia, mas usa 100% da sua cota de gabinete, foi o vereador Omar Tomalih (Podemos). Ele conseguiu aprovar um projeto para que as indicações de títulos honoríficos se resumam a 1 por mandato, antes era 1 por ano. Ele disse que isso gerou uma economia de 50 mil reais, mas como sempre ele não mostra de onde tirou esse número.

Acontece que o próprio Omar foi autor, ou co-autor, de pelo menos 7 títulos de cidadão honorário, desde de 2017. Isso é mais de um por ano, desde que o nobre edil virou vereador. Se gastava tanto, porquê assinou tantas propostas de decreto legislativo? E as moções, que também envolvem gastos? Omar apresentou 112 requerimentos para conceder moções de todos os tipos. Gasta papel, gasta impressora, gasta envelope. Cadê a economia, Omar?

Economia II

Alias, o paladino da economia ainda não explicou o porque, enquanto presidente, gastou mais de 40 mil em um painel de LED que está instalado na frente da Câmara. Omar não explicou ainda porque gastou 43 mil reais em itens de decoração, sem licitação, sendo a maioria dos produtos para o gabinete da presidência. Que sofá bacana hein Omar?

Aliás, e a obra do telhado que foi de 384 para 530 mil reais, um aumento de quase 40%, é economia? Tiraram até a placa da obra quando rolou os aditivos né? E a empresa licitada para prestar serviços de manutenção que já tem um efetivo que realiza? E a empresa de segurança armada que o senhor não renovou o contrato, divulgou corte de gastos e depois licitou de novo? E a terceirização de motorista da Câmara, era economia também?

E aquele laudo da empresa contratada sem licitação, que disse que a estrutura da Câmara estava prestes a cair e o senhor até deu entrevista para a rede estadual? Teve até ciclone bomba depois daquilo e a estrutura permanece intacta. E a despesa de mídia que foi cortada e depois aditivada novamente? Tudo pela economia?

A hipocrisia de Omar vai muito além de demonizar quadrinhos da Turma da Mônica.

Agentes de Trânsito

Quem anda meio revoltada com o vereador Nilson Probst é a classe dos agentes de trânsito da cidade. Depois de receber representantes em 2019 para falar sobre a criação da BC Trânsito, e apoiar eles. O vereador não votou no projeto mas agora, quase 2 anos depois de criada, ele resolveu que está tudo errado e denunciou supostas irregularidades ao Ministério Público.

Pensa no amor que os agentes de trânsito, antes empregados públicos e hoje efetivos, estão do vereador. Pior, ele nunca se manifestou contra a criação da BC Trânsito.

Paulinha namorando

A deputada Paulinha, se divorciando do PDT, já andou namorando com o MDB, flertou com o Podemos e agora parece que deve arrumar as malas para o Cidadania. A migração teria o endosso da deputada Carmem Zanotto.

Eu fico pensando como fica o prefeito Fabrício Oliveira nessa situação. Pois Paulinha está com Moisés, o Cidadania é da sua base e o líder do governo na Câmara é do mesmo partido. Fabrício continua com a ideia doida de ser governador.

Se Paulinha realmente for para o Cidadania, vai perder o apoio do seu líder na casa do Povo e ainda ter uma grande pedra no sapato para o ano que vem. Já pensasse?

Estadual 

Por falar em Fabrício, a falta de respeito com a imprensa local continua partindo do seu governo e dele mesmo. A vítima da semana foi o apresentador da Rádio Natureza, meu amigo Niltão. O prefeito deu bolo na maior cara dura.

Fabrício está deslumbrado com o Palácio d’Agronômica. Se falar em mídia estadual, ele sai correndo para os braços no mesmo instante. Já a imprensa local fica a ver navios, inclusive nas pautas. Tem coisas importantes sobre a cidade que a imprensa local só fica sabendo pelos “formadores de opinião” da mídia estadual. Triste isso.

O seu governo também continua “nem ai” para a imprensa local. Fazem quase 10 dias que pedi sobre os polos de férias da educação. NINGUÉM me respondeu. Disseram até que a secretária me ligaria, mas nada. Assessor ficou de dar resposta, nada ainda. Tô achando que nem a educação sabe o que será dos polos de férias.

Mas é normal, os liderados seguem o exemplo do seu líder. E deixar os outros no vácuo é a especialidade dele.

Estadual II

Vergonha alheia foi a live com os “formadores de opinião” do grupo NSC. Entrei pra dar uma espiada, tinha menos de 40 pessoas assistindo. Pelos comentários, TODOS cargos comissionados, em horário de trabalho, rasgando elogios ao chefe, dizendo o quanto seus dentes são brancos e o quanto seu sapato brilha.

E claro, as frases: “Meu governador”, “Nosso futuro Governador”, foram as mais usadas.

PF em Camboriú

Eu queria trazer mais detalhes sobre a operação da Polícia Federal em Camboriú, mas infelizmente não posso. Mas uma pequena observação quero fazer sobre as falas do prefeito sobre o assunto em duas entrevistas.

Primeiro o prefeito tem que parar de romantizar o caso e tentar mostrar para a população que está tudo bem e tudo certo com esse discurso de transparência. Mesmo porque de transparente a prefeitura de Camboriú não tem nada, tanto que o prefeito, uma secretária e uma servidora, estão sendo processados pelo Ministério Público por omitir e retardar informações ao órgão.

Segundo que se a PF quisesse “apenas” informações “só de uma” empresa, ela faria uma diligência simples, pediria documentos e tudo certo. A verdade é que a Prefeitura de Camboriú e a Secretaria de Saúde da cidade foram alvos de uma OPERAÇÃO, deflagrada na madrugada e que caíram pra dentro quando não tinha ninguém em nenhum dos dois locais. Não subestime a capacidade da Polícia Federal, ela não dá o bote a toa.

PF em Camboriú II

E outra, não foi a compra de “um” item como o senhor falou na rádio. Aliás, essa “única” compra que o senhor citou, foi dispensa de licitação e não um pregão. No caso de Camboriú não é uma compra, são mais de 500 mil reais em dezenas de itens comprados entre 2020 e 2021.

Não é uma investigação apenas de fraude na compra, mas também com desvios nas entregas. A Polícia Federal também quer saber se a empresa realmente entregou, tanto é que esteve no almoxarifado, contabilidade, compras e por ai vai. E quem vai dar as respostas sobre isso é a PF e não o senhor.

E se fosse “só uma compra”, não levariam o tanto de material que levaram e não passariam mais de 5 horas dentro da prefeitura a portas fechadas. Não acham?


A “Vergonha Alheia” de cada dia III
Poucas e Boas – Gian Del Sent

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