O empresário Thiago Troncoso, acusado de dar um golpe de R$ 30 milhões com uma suposta pirâmide financeira associada ao bitcoin, foi encontrado morto na manhã da quarta-feira (3) em um quarto de hotel em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Segundo o boletim de ocorrência, a polícia registrou o caso como suicídio. A esposa de Troncoso, que estava com ele no hotel, descobriu o corpo do empresário no banheiro. Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), Polícia Militar (PM), Polícia Civil (PC) e Instituto Geral de Perícias (IGP) atenderam a ocorrência.
Troncoso vendia supostos pacotes de investimentos atrelados a criptomoedas por meio de um esquema chamado “Projeto Rota 33”, fundada por ele e mais quatro sócios em Cadantuva, no interior de São Paulo, no início de 2019. O projeto, no início, funcionava em uma sala da faculdade UniFroebel, que pertencia a ele.
Aos clientes, Troncoso prometia pagar juros de 20% em cima do capital aportado. Ele dizia utilizar um suposto robô de arbitragem para potencializar os ganhos. Outros esquemas parecidos, como Atlas Quantum e Binary Bit, afirmavam ter ferramenta semelhante.
No final do mesmo ano, ela parou de pagar os investidores. Na época, o advogado Ricardo Sting, que representava Troncoso, disse em vídeo que o “Projeto Rota 33” havia deixado de honrar os pagamentos porque o negócio teria sido vítima de uma suposta fraude cometida pelos sócios do empresário.
A fraude segue em investigação. A reportagem contatou Sting por meio de um aplicativo de mensagens, mas ele não respondeu até o fechamento deste texto.
O empresário, seus sócios e a empresa não tinham autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para oferecer contratos de investimentos coletivo (CIC). A autarquia havia aberto um processo administrativo para investigar o caso.
700 vítimas
Só no Tribunal de Justiça de São Paulo, conforme consulta feita pelo Portal do Bitcoin, Troncoso responde a pouco mais de 100 processos judiciais. Em diversas ações, os juízes já determinaram o bloqueio das contas bancárias dele, mas nenhum valor foi encontrado.
A estimativa é que o empresário tenha deixado um prejuízo de R$ 30 milhões para 700 pessoas. Uma delas foi o cirurgião dentista Raphael Zupirolli, morador de Catanduva. Ele investiu R$ 157,5 mil em junho e 2019, com a promessa de receber 20% ao mês em cima do valor ao longo de dois anos.
“Recebi apenas três parcelas, que somaram R$ 63 mil. Mas outras pessoas da cidade tiveram perdas ainda mais consideráveis”, falou Zupirolli.
Por causa da morte de Troncoso, os processos das vítimas serão direcionados para os sócios dele, principalmente o advogado Fabricio Assad, segundo advogados e vítimas consultadas pela reportagem.
Assad é conhecido em Catanduva e, segundo as fontes, teria atraído boa parte dos moradores da cidade para o suposto esquema fraudulento. A reportagem não conseguiu localizar Assad ou sua defesa.
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