Recentemente, a Caixa Econômica Federal anunciou um reajuste de 0,5 ponto percentual nos juros do crédito imobiliário com recursos originados na caderneta de poupança. As novas taxas já estão em vigor para os novos contratos formados desde o dia 3 de abril. Com a alteração, o banco está oferecendo taxas de 8,99% a 9,99% ao ano mais a Taxa Referencial (TR).
A Caixa foi o último dos grandes bancos a elevar as taxas no financiamento imobiliário, mas já havia sinalizado que faria isso para continuar financiando o setor. A decisão foi tomada diante do contexto de saques recordes na poupança, o que obrigou as instituições financeiras a buscar outras fontes de financiamento, mais caras, como as letras de crédito imobiliário (LCIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), atrelados ao CDI. Nos bancos privados, as taxas chegaram a dois dígitos porcentuais no início deste ano.
Para este ano, a Caixa estima conceder cerca de R$ 70 bilhões ao crédito imobiliário em linhas com recursos da poupança. Se confirmado, isso representará uma queda de 24% na comparação com o ano passado, quando chegou ao recorde de R$ 92 bilhões.
As taxas para as linhas de habitação popular (dentro do Minha Casa Minha Vida) e a linha Pró-Cotista, que contam com recursos do FGTS, permanecem inalteradas até junho de 2023. Os financiamentos com recursos oriundos do FGTS devem ficar perto de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões em 2023, o que levará o banco estatal a totalizar aproximadamente R$ 160 bilhões a R$ 170 bilhões em empréstimos para a compra e a construção de moradias, montante em linha com o de 2022, quando desembolsou R$ 162 bilhões.
Construção Civil
O ambiente de juros altos da economia brasileira, com a taxa Selic em 13,75% ao ano, e a onda crescente de saques das cadernetas de poupança levaram os bancos privados a subir a taxa dos financiamentos imobiliários nas últimas semanas. Esse quadro ligou o sinal de alerta para as incorporadoras imobiliárias, que esperam mais dificuldade para as vendas daqui em diante, com os compradores mais assustados com o custo do crédito.
O crédito mais caro afugenta potenciais compradores de imóveis – até porque esse é, em geral, um financiamento de prazo muito longo. Com isso, o setor de construção começa a ligar o sinal de alerta. A expectativa é de que as vendas de imóveis, principalmente de médio e alto padrões, sejam mais demoradas neste ano, afirmou o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Celso Petrucci. “Teremos um cenário de financiamento mais difícil em 2023.”