Cinco anos após morte de torcedor atingido por pedra em BC, justiça arquiva processo.

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Cinco anos após a morte de torcedor atingido por uma pedra em Santa Catarina, a justiça arquivou o processo contra os suspeitos por falta de provas e o crime segue sem punição. Na madrugada de 24 de setembro de 2014, um micro-ônibus com 22 torcedores avaianos, que passava pela BR-101, em Balneário Camboriú, foi atingido por pedradas. Eles voltavam de Curitiba (PR), onde assistiram a partida entre Paraná e Avaí. Foram surpreendidos no km 136. Uma delas atingiu João Grah, que tinha 27 anos, e estava sentado ao lado do motorista. Ele não resistiu ao grave ferimento.

Na época, câmeras de monitoramento da concessionária que administra a rodovia flagraram o momento em que um grupo jogou pedras contra o ônibus. As imagens mostram um carro parando no viaduto por volta de 0h30. Quatro pessoas saem do carro e outras aparecem correndo. Eles encostam no parapeito do viaduto e esperam pelo ônibus.

João morreu ao ser atingido por pedra na cabeça — Foto: Reprodução/Facebook

João morreu ao ser atingido por pedra na cabeça — Foto: Reprodução/Facebook

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Dois homens foram indiciados pela polícia pela suposta prática de homicídio qualificado por motivo fútil e corrupção de menores. Eles pertenciam a uma torcida organizada do Marcílio Dias, em Itajaí. Entre os envolvidos, haviam também adolescentes.

O advogado Luiz Eduardo Cleto Righetto alegou na defesa, durante o encaminhamento do processo, que nenhum dos homens estaria no local do crime.

O juiz da comarca de Balneário Camboriú, Roque Cerutti, julgou a denúncia improcedente. Ele cita a falta de provas que confirmam que João Pedro Rodrigues e o irmão, Michael Rafael Rodrigues tenham participado de fato do crime.

“Contudo, no que tange à autoria, entendo que não existem indícios suficientes colhidos, tanto na fase indiciária quanto judicial, que possam formar o convencimento quanto à efetiva participação dos acusados no homicídio”.

A decisão acompanhou relato do Ministério Público, que “requereu a impronuncia pela ausência de elementos produzidos em contraditório judicial”.

Em decisão publicada no Diário Oficial em 9 de agosto deste ano, o processo foi arquivado pela Justiça.

Dois adolescentes também foram indicados pela polícia pelo crime. Como, na época, eram menores de idade, o processo correu em segredo de Justiça. Na decisão do juiz Roque Cerutti, que inocentou os dois adultos, o depoimento de um dos adolescentes é citado. O menor informou em juízo que pegou o carro na casa dos denunciados, sem autorização, para ir até o viaduto da BR-101 e que nenhum dos homens teria participado.

O processo de apuração de ato infracional contra o adolescente também foi extinto em decisão de abril deste ano, informou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. O jovem completou 21 anos no decorrer do processo e, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ninguém pode ser condenado por um crime que teria cometido quando menor de idade.

Como aconteceu

João Augusto Grah tinha 27 anos quando perdeu a vida, após ser atingido por uma pedrada. Ele estava sentado ao lado do motorista, em um ônibus com torcedores do Avaí.

Ele chegou a ser encaminhado para o hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, mas morreu por volta de 2h30 do dia 24 de setembro. Como a família confirmou, ele não pertencia a nenhuma torcida organizada.

No mesmo dia, o Avaí Futebol Clube chegou a emitir uma nota de pesar. “Avaí Futebol Clube repudia este ato violento que tirou a vida de um jovem, e espera que as autoridades cheguem aos autores para que sejam punidos com os rigores da Lei”.

Saudades

A família de João Grah prefere não se manifestar em relação às decisões judiciais. A tristeza e a saudade é o que fica . “Quem teve contato com o João sabe a falta que ele faz. É triste viver num lugar desse, onde bandidos tiram a vida de pessoas inocentes e fica por isso mesmo”, disse a mãe do jovem, Juçara Grah.

“Um ser humano inigualável. Responsável, trabalhador, dono de um coração que nunca conheci em ninguém. Ele era técnico de informática na nossa loja. Amava o Avaí, mas era a primeira vez que iria assistir um jogo fora de Florianópolis. Só ia à Ressacada, nunca participou de torcida organizada”, complementou, sobre o filho.

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