Criticado por Lula, “Orçamento Secreto” pagará quase R$ 25 bilhões em 2024

Foto: Ricardo Stuckert
Publicidade

Criticado duramente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral de 2022 contra Jair Bolsonaro para ganhar popularidade e votos, o pagamento de emendas parlamentares sem transparência, chamado por oposicionistas do governo anterior como “Orçamento Secreto”, continuará em 2024 por decisão do Congresso, em valores que somam quase R$ 25 bilhões.

No Orçamento deste ano, a falta de transparência se dá em duas frentes: nas emendas de comissão e nas transferências especiais, conhecidas como “emendas Pix”, que juntas representam quase a metade do total de emendas parlamentares.

No primeiro caso, que soma cerca de R$ 16,7 bilhões, os nomes dos autores das indicações são omitidos – tudo o que aparece é o nome do colegiado, e não do parlamentar que patrocinou o envio dos recursos, numa situação similar à do antigo orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão e criticado por Lula.

Publicidade

Já nas emendas Pix, fixadas em R$ 8,1 bilhões, os autores são conhecidos, mas o uso do dinheiro se torna opaco. Emendas parlamentares são modificações feitas por deputados e senadores ao Orçamento da União para destinar dinheiro federal a obras e serviços públicos nos municípios onde eles têm votos.

CAMPANHA 2022

Ao longo da campanha presidencial de 2022, Lula, então candidato, fez duras críticas ao mecanismo do “orçamento secreto”.

Tratava-se do uso das chamadas “emendas de relator-geral”, designadas no Orçamento pelo código RP-9, para distribuir recursos para obras e serviços nas cidades, sem que os verdadeiros autores das indicações fossem conhecidos. A prática foi banida pelo Supremo Tribunal Federal no fim de 2022.

Um ano depois de eleito, no entanto, Lula viverá situação parecida: Em 2024, o Congresso terá até R$ 53 bilhões em emendas parlamentares. O montante é inédito e foi viabilizado por cortes na principal iniciativa do terceiro mandato de Lula: o novo Programa de Aceleração do Crescimento (o Novo PAC).

O valor das emendas representa um aumento significativo, tanto em relação ao proposto pelo Executivo para 2024 (R$ 37,6 bilhões) quanto em relação ao montante de 2023 (R$ 36,5 bilhões). Além disso, o Orçamento de 2024 também poderá ter regras para a execução das emendas, com potencial de reduzir o poder de barganha do Executivo frente ao Congresso.

Fonte: Estadão

Publicidade