Cuidados simples no dia a dia ajudam a frear a pandemia

População precisa manter o distanciamento social (Foto: João Batista)
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Matéria Especial Diarinho

Enquanto se espera pela abertura de novas vagas de UTIs e pela chegada de mais doses de vacina, cuidados básicos no dia a dia que podem ajudar a frear a pandemia continuam sendo recomendados por especialistas e órgãos de saúde.

O diretor de Emergências da organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, disse nessa semana que é “muito prematuro e não realista” pensar que a pandemia vai acabar nesse ano, sendo necessário evitar hospitalizações e manter medidas para retomar o controle da doença.

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Segundo o órgão, a adoção do uso de máscaras, evitar aglomerações, respeitar o distanciamento social, higienizar as mãos e preferir ambientes bem ventilados, são medidas que ajudam a combater a propagação do coronavírus.

Os casos de covid-19 aumentaram em todo o mundo na semana passada após sete semanas de trégua. Com o agravamento da pandemia, a OMS pediu que os países não relaxem os cuidados básicos.

“Se os países dependem exclusivamente de vacinas, eles estão cometendo um erro. Medidas básicas de saúde pública continuam sendo a base da resposta”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.

Em boletim na terça-feira, a fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) alerta que o país chegou a um novo patamar da pandemia, em cenário em que as medidas de prevenção precisam ser adotadas de forma ainda mais rigorosa.

O órgão listou que as medidas não-farmacológicas, incluindo distanciamento físico, uso de máscaras e higiene das mãos, devem ser mantidas até que a pandemia seja declarada encerrada. Outras ações mais rigorosas, como restrição da circulação e de atividades não essenciais, também foram defendidas.

Em Santa Catarina, uma carta aberta assinada por mais de cem professores e pesquisadores da UFSC listou 10 recomendações para acabar com a pandemia. As medidas passam por mais fiscalização, restrições de atividades, defesa das vacinas e o reforço de que os cuidados básicos de prevenção ao contágio são eficazes.

Quem puder manter o filho estudando  de forma remota, ajuda no controle da doença
Quem puder manter o filho estudando  de forma remota, ajuda no controle da doença
Distanciamento social
Evitar aglomerações em espaços públicos e privados segue valendo como cuidado básico pra controlar o contágio.  Conforme o professor Oscar Bruna-Romero, a contaminação é maior em espaços fechados, como bares, restaurantes, lojas e mercados. Ele defende que o governo não pode apenas responsabilizar as pessoas por descumprirem as orientações contra aglomeros, ressaltando que cabe ao estado fiscalizar e restringir as atividades com base em taxas epidemiológicas que só o governo dispõe e que são desconhecidas do cidadão comum.
Home office

Oscar comenta que o trabalho remoto é uma medida adequada para reduzir o adensamento de trabalhadores num mesmo espaço dentro de uma empresa. Ele informa que o esquema também ajuda no isolamento social, a manter a distância mínima entre os funcionários que seguem na empresa e na ventilação dos ambientes.  Segundo o professor, a medida poderia ser adotada mais amplamente, mas muitas empresas que tem condições de manter os trabalhos em modelo remoto ainda não o fazem.

Mandar ou não os filhos para a sala de aula?

Segundo o especialista da UFSC, considerando as altas taxas atuais de contaminação, o recomendado é que se mantenha os alunos em casa com o ensino remoto pra quem puder adotar a medida.  Ele observa que se pode perder aprendizado com o modelo online mas, por outro lado, se ganha em saúde. O professor lembra que o convívio social das crianças é fator de transmissão, sendo preciso reduzir o contato com adultos e com outras crianças de fora do círculo familiar pra controlar o contágio.

O manifesto de professores da UFSC afirma que é falsa a crença de que as crianças não se infectam e alerta que elas podem transmitir o vírus. O documento pede que a volta das aulas presenciais seja revista no estado.  Já o ministério Público entende que as aulas presenciais são atividades essenciais e não podem ser suspensas sem, antes, a proibição de outras atividades. Caso contrário, conforme o órgão, dificilmente o fechamento das escolas impactaria na transmissão comunitária do vírus.

Vacinação

A implantação de campanhas de comunicação pra esclarecer a população sobre a importância das medidas de prevenção e da vacinação é defendida por órgãos de saúde dentro do conjunto de medidas pra frear o avanço da pandemia.  Conforme o boletim da Fiocruz, os dados de ocupação hospitalar, casos e mortes são alarmantes, mas “constituem apenas a ponta de um iceberg de um patamar de intensa transmissão no país”.

De acordo com o professor Oscar Bruna-Romero, cuidados básicos como o uso da máscara precisarão ser tomados até que a vacinação ganhe ritmo e atinja entre 80% e 85% da população. “Até lá, devemos manter os cuidados iguais como era antes de ter a vacina”, ressalta. Ele frisa que as vacinas funcionam de verdade e acredita que a resistência que existe contra a imunização vai desaparecer, na medida em que os resultados sejam confirmados pelas próprias pessoas.

Uso de máscaras

De acordo com o professor da UFSC, Oscar Bruna-Romero, especialista em Doenças Infecciosas e Vacinas, há inúmeras comprovações que as máscaras funcionam como barreira física contra o vírus.  Ele destaca que se descobriu que a transmissão não é tanto pelo contato em superfícies como maçanetas e corrimãos, mas por gotículas que saem na respiração. E, com as máscaras, a circulação dessas gotículas é barrada. O professor indica que a máscara do tipo N95 é a ideal, por ter melhor capacidade de filtragem. O modelo é usado por profissionais de saúde, que precisam jogar a máscara fora depois de cada uso devido à alta exposição ao vírus. Para a população em geral, a vantagem é que ela pode ser usada várias vezes antes de ser descartada.

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