Exatamente 30 dias depois de publicar a matéria “empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp” a Folha admitiu, neste domingo (18), que publicou a denúncia sem apresentar provas.
A matéria – foi publicada no dia 18 de outubro, 10 dias antes da realização do segundo turno das eleições presidenciais. Nela, a jornalista petista Patrícia Campos Mello acusa, sem apresentar provas, “grupos privados” de tentarem interferir na disputa eleitoral por meio de disparos ilegais no Whatsapp que favoreceriam Jair Bolsonaro
Motivada pela informação – fornecida por Facebook, Twitter e Whatsapp ao TSE – de que o presidente eleito e de seu partido não contrataram serviço de disseminação de mensagens em massa, a ombudsman (jornalista responsável por fazer a crítica inteira a matérias do jornal) da Folha, Paula Cesarino Costa, admitiu neste domingo que o jornal publicou a matéria sem apresentar provas.
“Avalio importante e necessária a reportagem sobre o impulsionamento ilegal em favor de Bolsonaro. É apuração difícil, que, com meandros obscuros a desvendar, abre um caminho rico a ser explorado. No entanto, entendo que o jornal falhou na forma narrativa de apresentá-la ao leitor.
A construção técnica do texto e dos enunciados — da primeira página e internos — poderia ser mais precisa e transparente. Faltaram detalhes que corroborassem as evidências, mesmo sem que fontes fossem reveladas. Essa fragilidade gerou dúvidas nos leitores. Serve de alerta. Obriga a Folha a não esmorecer nem dar por encerrada a investigação.”
Para a ombudsman,”faltaram detalhes que corroborassem as evidências, mesmo sem que fontes fossem reveladas”.
Paula também questionou a direção da Folha sobre a ausência de provas, obtendo a seguinte resposta de Vinicius Mota, secretário de Redação:
“os documentos prospectados não podem ser publicados, pois revelariam a identidade de indivíduos que só aceitaram repassar informações sob o compromisso de anonimato”.
A suposta denúncia da Folha, foi replicada várias vezes por grandes veículos de comunicação, como a Rede Globo e outros jornais, compartilhada milhões de vezes nas redes sociais.Talvez por isso a vitória de Bolsonaro não tenha sido tão esmagadora quanto poderia ser.
A admissão que a denúncia da Folha sobre ‘fake news’ da campanha do capitão era, ela mesma, uma grande ‘fake news’, chega tarde para corrigir o estrago que produziu. No entanto, vale para questionar o papel degradante, parcial e engajado, exercido pela mídia tradicional na última campanha.
E agora? Como ressarcir os prejuízos causados pela irresponsabilizabilidade? Uma das mais importantes mudanças no modo de se fazer política no país e a honestidade do nosso então Presidente sem dúvida foi prejudicada, não ao ponto de derrota, mais foi.
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