“Milton Hobus classificava Carlos Moisés como “um exemplo da arrogância e de falta de respeito”. Em outra ocasião, esbravejou: “Não sei porquê essa gente ainda não está na cadeia!”, referindo-se ao escândalo da compra dos respiradores pelo governo estadual. Porém, após muitos ataques vorazes, agora, ex-rivais políticos posam juntinhos, abraçados e sorrindo para as câmeras. Ambos teriam virado tão amigões que um prefeito até já sugere o lançamento dos antigos desafetos – na mesma chapa – à disputa das próximas eleições ao governo catarinense.”
Por Alto Vale Agora
Durante muito tempo, o deputado estadual Milton Hobus (PSD) espumou de ódio contra o governador catarinense Carlos Moisés (sem partido), por conta de divergências com seu arqui-inimigo político. No entanto, após tanto esbravejar contra seu rival, o parlamentar parece ter sido flechado por algum cupido milagreiro.
A maré virou a tal ponto e a amizade já é tamanha, que Hobus acabou sugerido como vice em possível chapa de Moisés à reeleição na disputa pelo governo catarinense em 2022.
“Provocação”
Quem se sentiu à vontade para verbalizar a “provocação” foi o pupilo de Hobus: José Thomé (PSD), prefeito de Rio do Sul (SC).
O fato político surpreendente foi forjado na semana passada enquanto Carlos Moisés cumpria uma agenda oficial de “atos de governo” no Alto Vale, foco eleitoral de Hobus, que também é presidente do Partido Social Democrático no estado.
Já em uma aparente sintonia plena, Hobus e Moisés – ao lado de Thomé – posaram abraçados para a foto oficial. Apesar das máscaras, o sorriso ficou estampado em olhos brilhantes.
E, ao que tudo indica, no caso do PSD, o olhar ambicioso está mesmo voltado ao pleito majoritário do próximo ano em Santa Catarina.
VÍDEO: Arqui-inimigo vira amigão; e com direito a abraço apertado
Milton Hobus disparou críticas pesadas e desaprovações ao governador Carlos Moisés durante muito tempo.
Os ataques ficaram registrados em entrevistas e discursos inflamados na própria Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), onde o parlamentar foi elevado ao posto de presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Uma das investidas ocorreu no final de janeiro de 2020. O deputado avaliou como péssimo o trabalho feito durante o primeiro ano de mandato do governador.
Furioso, Hobus atacou: “Ele [Carlos Moisés] nunca imaginava que poderia ganhar a eleição e que chegaria onde está. Um exemplo da arrogância e de falta de respeito”, rotulou na declaração a um veículo de comunicação regional.
Em outra ocasião, contundente, o político afirmou ainda que se, eventualmente, um membro do PSD participasse do governo do estado seria desfiliado da legenda.
A oposição ferrenha também ficou escrachada na contestação de Hobus depois que Moisés apontou sonegação de impostos na ordem de R$ 10 bilhões em Santa Catarina, nas críticas às propostas das reformas administrativa e previdenciária do estado, no pronunciamento contra a burocracia governamental para liberar emendas parlamentares e no caso da equiparação salarial entre os procuradores estaduais e os da Assembleia Legislativa (Alesc).
O tom subiu ainda mais quando explodiu o escândalo da compra de 200 ventiladores mecânicos por R$ 33 milhões – jamais entregues – que levou à instalação da CPI dos Respiradores e ao processo de impeachment do qual o governador acabou livrado.
O furor foi tamanho que o deputado chegou a esbravejar: “Eu não sei porquê essa gente ainda não está na cadeia!”. Veja o VÍDEO.
Um novo Hobus
O portal Alto Vale Agora procurou a assessoria do deputado estadual Milton Hobus para falar sobre a mudança de postura em relação ao governador Carlos Moisés.
Até o fechamento desta reportagem, a equipe do parlamentar não havia encaminhado a resposta prometida.
A nuvem política
Uma frase célebre ilustra muito bem o que ocorre na política brasileira, principalmente em época eleitoral.
Ela é atribuída ao ex-deputado federal, governador de Minas Gerais e ministro, José de Magalhães Pinto: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.
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Não parece que a política é mesmo um teatro cujo roteiro muda ao sabor dos interesses dos seus personagens?
E o eleitor, como é que fica no meio disso tudo?