Dias após deixar o STF, Ricardo Lewandowski é contratado pela JBS

© Nelson Jr./SCO/STF
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O Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladora da JBS, contratou o ex-ministro Ricardo Lewandowski, recém-aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), para escrever dois pareceres e atuar como consultor sênior da holding.

Lewandowski irá defender a J&F na disputa judicial contra a companhia indonésia Paper Excellence pela Eldorado Papel e Celulose. A empresa dos irmãos Batista tem uma megaplanta para exportação em Três Lagoas (MS).

Lewandowski em confronto com Temer e Doria

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A empresa mantém em segredo os valores a serem pagos ao ex-ministro pela redação dos pareceres. No entanto, em um dos processos, cujo montante chega a R$ 15 bilhões, os gastos da J&F com a defesa atingem centenas de milhões de reais.

Lewandowski não é o primeiro ex-ministro a integrar a equipe jurídica da J&F. Também fazem parte do elenco César Asfor Rocha, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, e Manoel de Queiroz Pereira Calças, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

A Paper Excellence não quer ficar atrás. Portanto, contratou o ex-presidente Michel Temer (MDB) como consultor, sendo ele um inimigo dos irmãos Batista desde a divulgação das gravações na garagem do Palácio do Jaburu, em Brasília, em 2017. Na época, o emedebista estava sendo investigado por suposto tráfico de influência contra a Operação Lava Jato, mas nada foi comprovado.

João Doria, ex-governador de São Paulo, também contribuirá para a empresa indonésia. Tanto ele quanto Temer possuem influência nos Tribunais Superiores e no TJ-SP, onde a disputa com a Paper Excellence está em tramitação.

J&F busca desconto

A holding dos irmãos Batista pretende reduzir em pelo menos R$ 3 bilhões o valor da multa que a empresa concordou em pagar por envolvimento em casos de corrupção. O acordo de leniência foi fechado em 2017, e o valor total a ser pago era de R$ 10,3 bilhões.

O Ministério Público Federal (MPF) aceitou o pedido da J&F. Essa decisão suspende o pagamento das parcelas em aberto que o grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista ainda precisa quitar, até que haja um julgamento definitivo sobre o caso.

Desde 2017, quando o acordo foi celebrado, a empresa desembolsou aproximadamente R$ 580 milhões, o que representa menos de 6% do valor total a ser pago ao longo de 25 anos.

De acordo com o acordo, a empresa se comprometeu a ressarcir R$ 10,3 bilhões às instituições prejudicadas, como a Caixa Econômica Federal, o FGTS, a Funcef, a Petros, o BNDES e também a União.

O grupo dos irmãos Batista tem tido todas as tentativas de alteração do acordo negadas pelo MPF. A última delas, em fevereiro do ano passado, foi divulgada pela própria Procuradoria-Geral da República (PGR).

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