Eleições Municipais 2020: Desgastes, fortalecimentos e o cenário que se monta

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A medida que os dias vão avançando e vai esgotando o tempo até as eleições, os cenários vão se alinhando para as eleições 2020, tanto na Maravilha do Atlântico, quanto na região.

No “vai e vem” da política, tudo começa a tomar forma para quando abrir a chamada “janela partidária”. O período em que vereadores com mandado tem para mudar de partido, ajuda a traçar algumas possíveis conjunturas tanto para o executivo quanto para o legislativo nas eleições deste ano. Em 2020, essa janela será entre 5 de março a 3 de abril.

Edson Piriquito

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Acredito ser o mais polêmico dos declarados pré-candidatos ao paço municipal. Mesmo tendo o seu governo avaliado como o mais corrupto da história da cidade, Piriquito mantem o discurso do “nada tem contra mim”. Mesmo sendo réu em uma ação na justiça e investigado em outras denúncias, o ex-prefeito continua declarando “não haver provas” contra ele.

Nos bastidores, fala-se que Piriquito está “tirando o pé” da disputa a prefeitura por estar com medo de uma possível condenação no processo da Operação Trato Feito, do GAECO.
As provas anexadas ao processo, em que o nome do ex-prefeito aparece em várias reuniões com representantes da Sotepa, meses antes da licitação ganhada pela mesma no projeto do elevado da 4ª Avenida, pode complicar o ex-mandatário da cidade. Sem contar que amargar mais uma derrota nas urnas, pode ser um verdadeiro suicídio político para Edson Renato Dias.

Para quem se reelegeu em 2012 com quase 64% dos votos válidos, hoje a base de apoio de Piriquito está esfarelada e tem a imagem extremamente desgastada. Ao determinar a expulsão de 3 dos 5 vereadores eleitos, Piriquito perdeu um imenso capital eleitoral e terá muito mais dificuldades para tentar exito em uma nova eleição.

Evaldo Hoffmann

O comandante da PMRv do estado anda sumido nos últimos tempos. Em um processo político complicado com a esfera estadual, Evaldo tem muito pouco tempo para decidir qual caminho seguir.

Moisés não está com aquela moral toda em Balneário Camboriú, nem mesmo apareceu aqui na cidade em mais de 1 ano de mandato. Acredita-se que esse “climão” seja um resultado das intenções políticas de Evaldo e Marcelo Brigadeiro na cidade. Uma pesquisa encomendada pela cúpula do governo Moisés e feita pela empresa de um ex-coordenador de campanha do bombeiro, não mostrou um cenário lá muito favorável, embora tenham divulgado fortemente a “não rejeição” do comandante. A pergunta na pesquisa era basicamente “tem algo contra Evaldo Hoffmann?”. Obviamente a resposta seria positiva, afinal, há de se reconhecer que, apesar das rusgas com a GM e a imprensa, Hoffmann fez um bom trabalho a frente do 12° BPM. Se a pergunta é ligando o nome dele ao comando do paço municipal, a resposta é bem diferente.

Além da pesquisa não ter trazido um resultado tão favorável, tem o fato de Moises estar “afastado” da ala bolsonarista no estado, o que faz o comandante perder boa parte do seu capital eleitoral e não embarcaria na “onda”. No fim das contas ele precisa decidir, logo, se continua na luta para o comando geral da PMSC ou entra para a reserva, se filia em algum partido político e tenta um cargo eletivo.

Ainda tem a desidratação da sua imagem com o vídeo de final de ano ao lado de Piriquito e Auri Pavoni, que causou uma reação muito negativa por parte dos apoiadores do comandante. Muitos dizem que não foi apenas um tiro no pé, foi um verdadeiro suicídio eleitoral antes mesmo da corrida começar.

Auri Pavoni 

Mesmo com sua “série” de vídeos e postagens patrocinadas nas redes sociais, Auri ainda enfrenta a sombra de ter feito parte do governo Edson Renato Dias e Leonel Pavan Rubens Spernau. Principalmente por ter feito parte do governo Piriquito durante as “tramoias” investigadas e deflagradas pela Operação Trato Feito.

Embora não pese sobre Auri qualquer tipo de acusação no âmbito da Trato Feito, ele leva a fama igual a tantos outros que fizeram parte do governo. No caso do projeto do elevado da 4ºAv, onde Piriquito é réu, o processo traz uma conversa entre Auri e Valmir, ex diretor da Emasa, onde citam concordam entre si o fato da Sotepa ser a empresa que o prefeito “bota ali”. Auri ainda é questionado até pela obra na encosta da Estrada da Rainha e a terceira pista que até hoje não acharam uma real utilidade. Tudo isso desgastou a imagem do ex-secretário de planejamento.

Atualmente, embora Auri tenha criado uma grande estrutura de trabalho visando os altos da Dinamarca, acredito não ser um bom momento para isso.

Leonel Pavan

Outro que anda meio quieto nos últimos tempos e deu para sentir que “tirou o pé” para a disputa ao pleito de 2020. Conversas dizem que a família não está muito a favor de que Pavan concorra a eleição. Depois do susto de 2018, muitos tem questionado se Pavan teria estrutura para encarar o desgaste de uma eleição.

Ele tentou de tudo. Até um programa de entrevistas onde levou o seu histórico algoz Piriquito, que num passado não muito distante o chamava de vagabundo. Vídeos para redes sociais, postagens patrocinadas, publicações reclamando de coisas bobas. A última aparição dele foi questionando a ação educativa do trânsito no período de testes dos radares. Ele não entendeu bulhufas.

Em 2018, Pavan tentou emplacar seu filho para deputado, o que foi frustrante para a ala do PSDB. A transferência foi baixíssima, o que por si só já eleva a prudência de uma nova disputa na cidade. Na última semana, Pavan perdeu dois dos seus históricos assessores. Maurício Freitas e Carlos Melo seguiram com Ivan Naatz para o PL.

Fabrício Oliveira 

Mesmo com os entraves e diversos desgastes desnecessários em pouco mais de 3 anos de mandato, Fabrício tem feito o dever de casa. Apesar da ultima decisão da justiça em bloquear os bens dele e de outros 6, acatando uma ação do MP que teve como base uma denúncia anônima, Fabrício teve um governo de poucas mas necessárias obras e sem escândalos de corrupção. Vale lembrar que a ação que tramita na justiça é sobre uma empresa contratada sem licitação, que já foi alvo de denúncia e que foi arquivado por não ter problemas.

Embora ainda tenha algumas coisas para sair do papel e alguns comissionados que mais atrapalham do que ajudam, num geral, tem sido um bom governo. Fabrício assumiu alguns compromissos grandes e que pareciam utopia até uns anos atras, mas tem realizado muitos deles. Obras essenciais para a cidade estão saindo do papel, o alargamento da faixa de areia nunca esteve tão perto, duas unidades de saúdes que foram construídas e nunca abriram, foram finalizadas e uma delas já está atendendo. O elevado da 4° Av, objeto de superfaturamento e corrupção, já tem contrato assinado com um valor 7 milhões mais barato que o inicial há 6 anos atrás. A Av Panorâmica já está em construção, o molhe já está em fase de urbanização, a balneabilidade voltou a ter resultados positivos em toda a orla, a Lagoa de Taquaras voltou a respirar e o Marambaia já tem sido visitado por peixes e capivaras, algo que não era visto há muitos anos. E o mais legal, por mais que a Amfri ainda deixe a desejar em algumas demandas, o atual governo colocou ela para trabalhar no desenvolvimento de projetos que custavam uma grana preta para a prefeitura. Enquanto isso, a oposição se apega a app de consultas ou de ônibus, anunciado em campanha.

Fabrício acaba se tornando favorito pelo simples fato de não ter um nome forte o bastante para derrubar os feitos e conquistas de sua gestão. O grupo de oposição cai na mesmice de atacar coisas bobas e sem importância, enquanto o eleitor só tem olhos para os grandes feitos.

No geral

Arlindo Cruz: Está saindo do MDB mais fortalecido e com possibilidades de alçar vôos muito maiores em um nova conversa com o PSD. Embora ele tenha recebido proposta até mesmo do PSL estadual, Arlindo acabou articulando a ida para o PSD e a conversa acontece com a alta cúpula do partido no estado. Ele deve apresentar novidades nos próximos dias.

Marcelo Achutti:
Houve diversas tratativas, conversas e ameaças. O deputado que ele apoia acabou de migrar do PV para o PL, o que dificulta um posicionamento de oposição na cidade, tendo em vista o partido do vice-prefeito. Nos bastidores, há quem diga que os laços estejam estreitos com Piriquito e a fichinha para o MDB está até preenchida. De qualquer maneira, terá que ter muita gordura para queimar até outubro.

Marquinhos Kurtz: De namoro com o Democratas de Orlando Angiolleti, ele vai tentar mais uma reeleição. Na ala dos “expulsos” do MDB, Marquinhos teria o apoio de Angioletti que jurou de pés juntos não concorrer a mais nada.

Jorginho Melo: O senador tem passado o rodo. Em um acordo com deputados na ALESC, Jorginho reforçou a bancada que tem se colocado contra o governo Moises. Até a deputada Ana Campagnolo (PSL) esteve no evento de filiação de Naatz ao PL. Quem também está namorando e podem estar de partida para o PL de Jorginho Melo, são os vereadores Marcio Pereira e Vilson Albino, do PV de Camboriú. A vantagem de ser eleito pelo trabalho e não pela sigla, tem suas vantagens. Marcio e Vilson podem migrar tranquilamente sem perder capital político. Eles ainda estiveram no evento de filiação de Naatz ao PL.

Fabrício Oliveira: Depois de muita indecisão sobre o futuro político de Fabrício, é bem provável que ele siga o rumo do Podemos de Alvaro Dias. Junto com ele, boa parte dos vereadores eleitos pelo PSB na Câmara, que também tentarão a reeleição. Digo boa parte, pois Lucas Gotardo deve seguir para o NOVO, que o vereador não tem feito questão nenhuma de esconder como sendo sua nova casa. O Podemos é uma conversa antiga e lá em 2018 já se ventilava essa possibilidade. O evento com a camisa do Aliança a princípio é só um apoio a criação do partido, mesmo porque não é certo que a nova sigla estará apta em abril para as eleições.

Vamos aguardar os próximos capítulos.

 

Por Gian Del Sent

 

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