Encolheu? Ponte do Rio Pequeno foi construída diferente do projeto licitado

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Nesta semana a prefeitura de Camboriú fez uma grande mídia sobre a liberação do tráfego na ponte do Bairro Rio Pequeno, interditada para obras desde final de janeiro.

A reportagem do Portal Visse esteve acompanhando o andamento e a evolução das obras no decorrer destes dias e verificou algumas inconsistências entre o projeto licitado e o executado pela empresa vencedora da licitação. Nesta sexta, uma medição foi realizada e constatou mais inconsistências.

A princípio, é possível acreditar até mesmo em um erro do projeto, pois não queremos cogitar nenhum “esquema” neste primeiro momento. O que dá a entender é que o engenheiro que a projetou sequer foi in loco verificar as medidas, a realidade da via e até profundidade do leito do rio.

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O fato é que a execução está bem diferente do licitado e a diferença, para menos, com relação ao projeto original daria uma diferença superior a R$ 40 mil reais no preço que será pago pela obra. Será pago pois, até o momento, não foi publicado nenhum aditivo de supressão dos valores em virtude de mudanças no projeto.

DIFERENÇAS

Largura

A primeira diferença notada, já no início da obra, foi a largura da galeria que compõe a ponte. Já no início era visível que parecia ser muito menor, com as fotos divulgadas pela própria prefeitura e conferindo com os documentos do edital, foi possível verificar que a estrutura tem 3 metros a menos do que o licitado. O número de aduelas usadas foram 22, 11 por lado, sendo que o edital previa um total de 28.

Levando em consideração que cada aduela licitada tem 1 metro de comprimento, a base, com os encaixes, deve ter no máximo 11,3 metros e não os 14 previstos no próprio projeto.

Ainda sobre a fixação das aduelas, o projeto previa uma concretagem de 30 centímetros entre as peças. A largura total dos pares de aduelas, com a concretagem do meio e das laterais, deveria totalizar 5,6 m, o que também não foi feito. Elas foram apenas alocadas uma ao lado da outra.

BASE 

Outra coisa que chamou atenção foi a altura da estrutura, entre o leito do rio até a pavimentação asfáltica da ponte. De acordo com o projeto, a altura total deveria ser de 4,5 metros, o que sai da realidade do local e também não foi respeitada na execução do projeto e não foi apresentada nenhuma alteração do mesmo.

Acima das galerias, estava previsto um aterro de 98 centímetros feito com terra. Acima disso uma camada de 25 centímetros de rachão e mais 15 cm de brita granulada, para ai então entrar 7cm de asfalto. Na execução, acima da galeria, foi feito uma laje de concreto. Foi colocado uma pequena camada de brita e em cima disso será feito o asfalto.


Além de poupar um bom trabalho da empreiteira, por erro no projeto, mudaram a execução, que ficou mais barata, mas não houve supressão dos valores. Na semana passada uma reunião com os vereadores apresentou o projeto e o cronograma da obra, mas não foi falado em alterações no projeto.

Consultado pela reportagem, um engenheiro informou que a base de terra é fundamental para garantir a segurança da estrutura. “É o que se chama de solo de cobertura. Na execução a estrutura está muito aflorada. Este solo de cobertura auxilia a distribuir cargas e é até mesmo normatizado por órgãos competentes. Não pode ser alterado sem antes realizar um estudo.” concluiu.

Calçadas

A largura total da pista, que passa na diagonal da galeria, deve ter 12 metros de largura, seguindo a risca o projeto, sendo 7m de pista e mais 2,5m cada calçada. Mas não é o que aconteceu na execução que “encolheu” cerca de 30cm em cada lado.

Na medição feita pela nossa reportagem, cada calçada tem 2,2m de largura de área total. De área útil, pelo lado de dentro dos meio fios, tem apenas 1,90 de largura. Por falar em meio-fio, a licitação previa a colocação de peças pré-moldadas, mas na execução foi feito concretado junto com a laje, diminuindo os custos.

SUPRESSÃO

Até o momento, nem um termo aditivo de supressão de valores foi publicado pela prefeitura, embora seja algo que pode ainda acontecer. O que chama atenção é que, de acordo com o cronograma da obra, definido no início dos trabalhos, alguns dos itens citados acima já não eram previstos.

Cabe a população e os vereadores, fiscalizarem para que nada de errado aconteça e a empresa não receba por serviços que não realizou, ou que realizou diferente do contratado. A imprensa, segue fazendo o seu papel.

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