Falta água há pelo menos 10 dias em bairros turísticos de Bombinhas

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A falta de água, que se repete todos os anos em Bombinhas, desta vez foi além das expectativas mais pessimistas. Em bairros como Canto Grande, Zimbros e Mariscal, que estão entre os mais procurados pelos turistas, não há água desde o Natal.

A situação, que já era preocupante, agravou após o rompimento de uma adutora na virada de ano. Há restaurantes fechados e hoteis temem o cancelamento de reservas. Nos últimos dias, os e-mails e telefonemas de turistas que reservaram com antecedência, e ainda não sabem se manterão os planos, têm sido constantes.

Cláudio Souza, presidente da Associação Empresarial de Bombinhas, diz que a entidade avalia medidas judiciais para responsabilizar a prefeitura e a concessionária Águas de Bombinhas por eventuais prejuízos.

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Pelo menos dois fatores interferem diretamente no problema crônico de falta de água no verão em Bombinhas. O primeiro deles, uma rede que pode ser suficiente para os 18 mil habitantes, mas que não dá conta da quantidade de turistas que a cidade recebe. É uma questão matemática: na última temporada, foram mais de 1 milhão de turistas.

Há ainda a falta de planejamento de parte dos estabelecimentos. Faltam reservatórios adequados para atender à demanda.

Na terça-feira a concessionária Águas de Bombinhas informou que concluiu o conserto da adutora danificada e que o abastecimento seria normalizado em 24 horas.  O rompimento ocorreu em local de difícil acesso, num morro de mata fechada. Para agilizar o conserto, as equipes tiveram que transportar as peças de barco. Os técnicos trabalharam em um trilha que precisou ser liberada pela prefeitura em decreto.

Apesar da promessa de retomada do abastecimento, entretanto, os bairros mais atingidos, estão no final da rede _ o que indica que, se não houver pressão suficiente, as torneiras permanecerão secas.
Mudança de gestão

O sistema de água e saneamento de Bombinhas era responsabilidade da Casan até ano passado. Em setembro, graças a uma decisão judicial, o município passou a ter gestão dos serviços e os entregou à concessionária.

O tempo foi insuficiente para as obras de melhorias, estimadas em R$ 135 milhões para os próximos anos. Mas isso não justifica que uma das cidades mais turísticas do Estado deixe de oferecer a infraestrutura mínima _ aliás, as quedas de energia elétrica também são constantes.

É preciso agilizar os investimentos. Mas também é necessário repensar a carga turística que a cidade comporta e até que ponto a lotação é saudável. É algo que o pedágio ambiental, sozinho, não foi capaz de controlar.

O custo da crise

Os problemas de falta de água em Bombinhas ocorrem em uma temporada considerada, até agora, a pior dos últimos 15 anos _ resultado da retração econômica. E a queda na lotação pode ser maior caso a situação não seja resolvida.

No mês de dezembro a cidade teve um movimento 40% menor do que a média dos anos anteriores, segundo o empresário Mário Pêra, diretor do Grupo Vila do Farol. O Réveillon também ficou abaixo da expectativa: teve 80% de ocupação na cidade, contra 100% na temporada passada.

Bombinhas tem 12 mil leitos, a terceira maior oferta de Santa Catarina.

Emergência sanitária

Apaixonado pela Praia de Mariscal, o arquiteto e empresário blumenauense Alfredo Lindner Junior conta que o custo do abastecimento com caminhão-pipa, de 10 mil litros, chega a R$ 1,7 mil em Bombinhas.

Esta semana ele usou as redes sociais para falar sobre o problema e classificou a situação de emergência sanitária.

A Águas de Bombinhas disponibilizou caminhões-pipa gratuitos, mas conseguir um deles, dizem os moradores, é um desafio. Outra preocupação é em relação à procedência e à qualidade da água que é vendida pelas empresas de distribuição. Não há segurança _ e nem respeito a moradores e turistas.

O Sol Diário

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