Farinhada movimenta comunidade da Praia de Taquaras

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Com a colheita do aipim, começou nesta semana uma das manifestações culturais mais antigas de Taquaras, em Balneário Camboriú: a farinhada. A atividade artesanal, que ocorre há mais de um século no único engenho de farinha de mandioca em funcionamento na cidade, já foi tema de livro, dissertação de mestrado, festa comunitária e projetos culturais e educativos incentivados pelo Município.

O engenho pertence à família Alexandre. “Considerando o processo todo, desde a colheita, raspagem e operação do engenho, envolve umas 20 pessoas. Todo o processo é coordenado pelo mestre farinheiro Raul Alexandre e a esposa dele, Eulália Maria Alexandre, conhecida como dona Lala. Esta farinhada começou nesta semana com a colheita do aipim na roça. Nesta sexta-feira (30), iniciou a raspagem. O processo segue durante a semana que vem”, diz o presidente da Associação de Moradores de Taquaras, Marcelo Peixoto.

Associação de Moradores e Fundação Cultural trabalham para a manutenção da atividade

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O produto final é destinado ao consumo da família e dos que ajudaram no processo. A farinha também é vendida àqueles que procuram a propriedade. De acordo com Peixoto, a Associação de Moradores e a Fundação Cultural trabalham em conjunto para incentivar a continuidade dessa manifestação cultural, já que a farinhada não é mais viável economicamente, e a família toca o engenho por amor à atividade. Uma das ações conjuntas foi a Festa Cultural Raízes de Taquaras, que ocorria antes da pandemia com o objetivo de resgatar a cultura, valorizar as raízes do bairro e fomentar a economia local. Também recentemente foi lançado o documentário Farinhada, contemplado com recursos financeiros da Lei Aldir Blanc, que pode ser visto neste link: https://youtu.be/yRuuyhfrw2g .

Segundo a diretora de Artes da Fundação Cultural, Lilian Martins, a farinhada é um grande acontecimento na comunidade. “A riqueza deste patrimônio se dá não só pela estrutura física do engenho, mas também pelo conhecimento dos mestres de ofício, que detêm o saber de plantar e transformar a mandioca em um alimento que conta a história do Brasil. A mandioca colhida é lavada, raspada e ralada a muitas mãos, todo o núcleo familiar e vizinhos se engajam. Em todo o processo, as cantorias, as histórias, as conversas emocionantes dão o ritmo do trabalho. Fazer farinha tem um valor imaterial difícil de mensurar”, explica Lilian.

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