Fevereiro de 2021 é mais aguardado do que o Carnaval. Isso porque é a partir desse mês que a Fecam (Federação Catarinense de Municípios) espera iniciar a imunização dos catarinenses contra a Covid-19.
Também é no final de fevereiro que a vacinação contra a doença deve começar no Brasil, conforme anunciou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nesta terça-feira (8).
A movimentação da Fecam é pela assinatura do protocolo de intenção de compra da vacina Coronavac, que será realizada nesta quinta-feira (10).
A Coronavac é desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, sediado em São Paulo.
Contudo, mesmo com a assinatura, o calendário de vacinação deverá ser definido posteriormente. O consultor em saúde da Fecam, Jailson Lima, avalia que se a vacina estiver disponível para os catarinenses em fevereiro “já é um grande passo”.
SP aderiu à Coronavac e vacinação está prevista para janeiro
A Coronovac é a mesma adotada pelo governo de São Paulo. No último dia 3, o Estado do Sudeste recebeu insumos para a produção de 1 milhão de doses.
O governador João Dória (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (7) um cronograma de vacinação em São Paulo, que começará no dia 25 de janeiro. Lima espera que as tratativas entre a Fecam e o Instituto Butantan relacionadas à imunização, já estejam resolvidas até essa data.
A partir da homologação do protocolo de acordo de intenções para a aquisição da vacina, a Federação visa oferecer aos consórcios de municípios catarinenses e prefeitos a possibilidade de adquirirem o imunizante.
Jailson considera que a Coronavac será a melhor opção oferecida no mercado. As duas doses previstas para imunização, segundo a consultoria da federação, custam em média R$ 60 (R$ 30 cada dose).
“É a mais eficiente até o momento, a mais barata e a que vai requerer a menor logística de trabalho. O mais importante para os prefeitos é que, independente de onde a vacina venha, ela existe porque isso vai salvar vidas. Não há economia sem segurança e saúde.”, defende.
Aquisição por intermédio da Fecam
De acordo com Jailson Lima, a ideia é que a movimentação dos municípios para a aquisição da vacina seja feita por intermédio da Fecam, e não de maneira individual.
“A ideia é ter isso centralizado na Fecam. Não dá para sair todo mundo atrás. Vamos fazer um levantamento correto de quais municípios vão querer, quantas vacinas, quem serão os primeiros a serem vacinados. Ter uma programação. Até porque não tem vacina para todo mundo num primeiro momento”, argumenta.
No acordo a ser assinado nesta quinta, os municípios catarinenses antecipam o interesse pela aquisição, através das verbas municipais destinadas a ações contra a Covid-19.
Cabe lembrar que a assinatura deste protocolo não implica imediatamente na compra de doses. Entre outras questões, a vacina ainda depende de aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Ministério da Saúde também promete vacinação em fevereiro
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou nesta terça-feira que a vacinação contra a Covid-19 deve começar também no fim de fevereiro. A informação foi repassada a governadores de todo o país durante reunião.
As primeiras 8,5 milhões de doses do laboratório Pfizer, oriundas de uma compra global de 70 milhões de doses, devem chegar ao país ainda no primeiro semestre.
O consultor em saúde da Fecam, no entanto, é descrente com relação à data, uma vez que o protocolo de regulamentação da Anvisa ainda não foi iniciado.
Além disso, para Jailson, o governo federal optou pela vacina mais cara e a de pior logística para os municípios, uma vez que requer a manutenção sob temperatura de -70 graus.
“Estão preocupados dizendo que o Butantan não cumpriu todos os atos e ritos técnicos, o que não verdade. E a Pfizer? Que nem iniciou o processo de homologação no Brasil? Mas é essa que o Ministério da Saúde quer. Se resolverem disponibilizar para todo o Brasil, ótimo, mas quando?”, comenta Jailson.
Santa Catarina alinhada com Ministério da Saúde
Entre os participantes do encontro com Pazuello, estava o secretário de Estado da Saúde catarinense, André Motta Ribeiro. A Secretaria de Estado da Saúde reforçou o alinhamento com o PNI (Plano Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde.
Sendo assim, o Estado não deve procurar a vacina por contra própria, como São Paulo, por exemplo.
A possibilidade de firmar protocolos de forma direta com laboratórios foi descartada pelo secretário em reportagem do ND+ sobre a logística para a chegada da vacina em Santa Catarina
“Isso não faz sentido. Fazer movimentos individuais é muito perigoso”, disse André Motta.
Sem fornecer maiores detalhes sobre a reunião com Pazuello e os próximos passos do Estado, a SES disse que está já preparando a logística das vacinas.
Entre as ações, está “o redimensionamento da rede de frios [algumas vacinas podem precisar de temperaturas de até menos 40 ºC], mapeamento dos locais para vacinação [unidades básicas de saúde e salas de vacina] em parceria com municípios, além do reforço do treinamento das equipes de vacinadores”, disse a secretaria em nota.
Esta é a mais uma reportagem da série Covid-19 em Dados”, uma iniciativa do ND+ com o patrocínio do Google sobre a pandemia do novo coronavírus. Clique aqui e confira a página especial do projeto com todas as reportagens.