Florianópolis é a cidade mais cara do país para comer fora de casa

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Que comer fora de casa está cada vez mais caro, o catarinense já sabe faz tempo. A inflação dos alimentos nos últimos anos impactou diretamente no valor cobrado pelos restaurantes do Estado. Mas a novidade é que uma pesquisa feita pelo Instituto Datafolha colocou as três maiores cidades catarinenses entre as mais caras do país nesse quesito.

O destaque negativo fica para Florianópolis, no primeiro lugar da lista. Na capital catarinense, a refeição completa — que inclui prato, bebida não alcoólica, sobremesa e café — sai em média por R$ 43,53, enquanto a média nacional ficou em R$ 32,94.  Blumenau ficou na sétima colocação, com R$ 35,94, e Joinville ocupou a 14º posição, com média de R$ 34,33. A diferença de Florianópolis para o segundo município mais caro, Vila Velha (ES), é considerável. Os moradores da cidade capixaba pagam R$ 37,49 em média, ou R$ 6,04 a menos. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pelo instituto paulista em 51 cidades brasileiras no fim de 2016.

Para o presidente da seção catarinense da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel SC), Raphael Dabdab, o preço alto da refeição fora de casa em Florianópolis se explica pelo alto custo para os empresários. Segundo ele, existe um tripé que é responsável por praticamente quase todos os custos dos restaurantes: matéria-prima, mão de obra e aluguel. No caso da matéria-prima, ele aponta que a cesta básica da capital catarinense é a segunda mais cara do país (atrás de Porto Alegre). Em relação à mão de obra, o salário mínimo regional de Santa Catarina também é o segundo mais alto do país (atrás do Paraná). O principal problema, no entanto, seria o custo do aluguel, que em muitos casos supera capitais maiores, como Rio de Janeiro e São Paulo.

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— O valor dos aluguéis já caiu em outras cidades em função da crise, mas aqui ainda não. Esse custo mais alto da refeição não significa que a rentabilidade dos restaurantes Florianópolis é maior. Ao mesmo tempo, temos um dado preocupante, que é uma das maiores taxas de “mortandade” de restaurantes. Isso quer dizer que muitos não estão bem — afirma Dabdab.

O empresário também lembra que houve mudança no ano passado na cobrança do ICMS dos restaurantes que não se enquadram nas regras do Simples. Antes, havia um regime especial, que não foi renovado. Com isso, houve um impacto de até 135% de aumento do imposto, o que representou um aumento real de aproximadamente 5% para o consumidor.

Mudança de hábito

No centro de Florianópolis, os donos de restaurantes sentiram o baque da crise financeira. Quando não ocorreu uma redução do número de clientes, houve uma mudança de hábitos. No caso dos restaurantes “self-service”, as pessoas passaram a se servir com quantidades menores.

O dentista Luiz Carlos de Assis Jr., 50 anos, é um dos que reduziram o número de vezes que comem fora. Acompanhado da filha Isadora, ele saía de um restaurante no Centro na última terça-feira. Quando abordados sobre o tema da reportagem, a estudante soltou um “está caro mesmo”. No trabalho, Assis conta que, assim como ele, muitos passaram a trazer comida ou voltar para casa para almoçar.

— Antes, eu almoçava fora todos os dias. Hoje, não mais. Pesa no orçamento.

Para a administradora Luiza Neves Gomes, 24 anos, o dinheiro gasto com almoços fora de casa é contado e está na ponta do lápis. Ela estuda para concursos públicos e almoça fora quatro dos cinco dias úteis da semana:

— Sempre controlo a conta. Gasto uns R$ 450 por mês só com os almoços.

A auxiliar de serviços gerais Andrea Melo também come fora com frequência. Ela recebe R$ 250 de vale refeição por mês, mas a conta não fecha. Mesmo optando por um restaurante com preços mais populares, precisa complementar o gasto.

— Preciso botar uns R$ 50 todo mês, já que gasto uns R$ 300 e o vale não cobre tudo — conta.

Andrea Melo come em um restaurante popular e gasta R$ 300 por mês Foto: Betina Humeres / DC

Região Sul é a mais cara

Na divisão por regiões, o Sul apresenta o maior valor médio para a refeição completa: R$34,34. O segundo lugar é do Sudeste (R$ 33,25). As cidades das outras três regiões possuem um valor abaixo da média nacional: Nordeste (R$ 31,82), Centro-Oeste (R$ 30,44) e o Norte (R$29,31). Outro dado que chama a atenção é a disparada dos preços no Sul do Brasil. A mesma pesquisa havia sido realizada em 2014 e havia apontado o Sul como a região mais barata, com a refeição média a R$ 25,70.

As três cidades catarinenses

Florianópolis – R$ 43,53
Blumenau – R$ 35,94
Joinville – R$ 34,33

As quinze mais caras

Florianópolis – R$ 43,53
Vila Velha – R$ 37,59
São Luís – R$ 36,96
Rio de Janeiro – R$ 36,94
Macaé – R$ 36,42
Campinas – R$ 36,00
Blumenau – R$ 35,94
Aracaju – R$ 35,62
Niterói – R$ 35,24
Santos – R$ 35,16
Santo André – R$ 35,01
Curitiba – R$ 34,71
João Pessoa – R$ 34,36
Joinville – R$ 34,33
Maceió – R$ 34,31

As quinze mais baratas

São José dos Pinhais – R$ 23,08
Uberlândia – R$ 24,65
Diadema – R$ 27,23
São José dos Campos – R$ 27,25
Palmas – R$ 27,25
Jaboatão dos Guararapes – R$ 28,07
Taboão da Serra – R$ 28,16
Campo Grande – R$ 28,65
Guarulhos – R$ 28,67
Vitória – R$ 28,72
Manaus – R$ 28,81
Fortaleza – R$ 28,98
Serra (ES) – R$ 29,06
São Bernardo do Campo – R$ 29,26
Belo Horizonte – R$ 29,35

Sobre a pesquisa

Foi realizada em novembro de 2016 em 4.574 estabelecimentos que aceitam voucher de refeição, espalhados por 51 cidades. O levantamento foi conduzido pelo Instituto Datafolha, a pedido da Associação das Empresas de Alimentação e Refeição Convênio para o Trabalhador (Assert). Na Região Sul, foram visitados 459 restaurantes. O preço se refere a uma refeição completa, com prato (unidade ou 500g), bebida não alcoólica, sobremesa e café.

Por Diário Catarinense

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