Funcionários do Samu ameaçam greve na próxima semana

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Funcionários do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) em Santa Catarina estão ameaçando a paralisação do serviço a partir dessa segunda-feira. O motivo é a falta de pagamento do 13º salário, falta de recolhimento das parcelas do fundo de garantia há oito meses e férias vencidas há cerca de três anos.

A frota sucateada e a falta de reajuste salarial nos últimos sete anos também estão entre os motivos apontados para a mobilização dos funcionários. A ação tem o apoio dos sindicatos dos trabalhadores em estabelecimentos de Saúde (SindSaúde) regionais.

Se a greve se confirmar, as unidades avançadas do Samu e  as UTIs móveis podem parar.  Até mesmo o helicóptero Arcanjo pode ser afetado, já que a equipe médica também é contratada pela empresa Ozz Saúde, que faz a gestão do Samu em Santa Catarina.

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A empresa é acusada pelos trabalhadores de não dar retorno às reivindicações da categoria. Segundo um socorrista de Balneário Camboriú, a situação se tornou ainda pior com o transporte de pacientes graves com covid, o que aumentou o risco de contaminação e o desgaste para quem trabalha no Samu. Apesar disso, a categoria não recebe adicional de insalubridade.

“A maioria dos funcionários já adoeceu, todos muito estressados e cansados. Ano muito pesado e sem nenhum retorno da empresa Ozz. Estão matando a gente aos poucos nesses três anos”, desabafa um funcionário.

Em nota divulgada para a imprensa e assinada pela equipe de regulação, intervenção e suporte avançado do estado, a Ozz também é acusada de não fornecer materiais de proteção suficientes e de falhas na esterilização das traqueias dos ventiladores usados em pacientes.

Sindicato confirma a mobilização

O SindSaúde de Florianópolis confirmou a mobilização dessa segunda-feira na capital. No sul do estado, funcionários já realizaram uma manifestação na última sexta-feira.

“Não basta o desrespeito de trabalhadores demitidos estarem esperando há meses pelo pagamento de contratos, de termos que recorrer ao ministério Público do Trabalho pra ter até mesmo as férias agendadas. Agora nem sequer o pagamento de décimo terceiro salário foi honrado”, diz a nota do sindicato.

O SindSaúde afirma ainda que a Ozz Saúde emitiu um comunicado recente anunciando o parcelamento do pagamento do 13º salário em seis vezes, com previsão de quitação somente em maio de 2021.

“Por isso, os trabalhadores e trabalhadoras do Samu convocam a população catarinense a apoiar essa luta. Estamos no meio de uma pandemia, com péssimas condições de trabalho, e ainda sendo condenados a passar nosso final de ano trabalhando e sem o pagamento do que nos é devido”, completa o sindicato.

Reclama de falta de atendimento

Enquanto os funcionários do Samu reivindicam seus direitos, o serviço é questionado pela população. Moradora de Balneário Camboriú afirma que o seu filho teve um atendimento negado após uma ligação para o 192 com o pedido de urgência. Ela conta que por volta de 22 horas, ele estava com muita dor, com sangue no vômito, febril, mas foi informada por um atendente que o Samu não faz transporte de pacientes para o hospital.

“Então a pessoa fica doente, passando muito mal, sem conseguir nem andar, nem falar, e o Samu simplesmente ignora”, desabafa a moradora, que disse que pediu o socorro porque não tem carro.

Diarinho

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