Indústria de Joinville adere a equipamentos conectados à internet

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A internet se tornou uma ferramenta preciosa para se comunicar, estudar, trabalhar ou se entreter. Os serviços ganharam versões online, ditando novos comportamentos e formas de consumo. Pouco a pouco, a rotina de pessoas comuns é impactada pela rede, e não seria diferente com a indústria.

As empresas reconhecem a importância de se estar conectado e têm dado passos largos para alinhar a produção à tendência mundial. No setor, este movimento é conhecido como Indústria 4.0, Quarta Revolução Industrial, Fábrica Inteligente, Indústria do Futuro, Manufatura Avançada ou Internet Industrial, termo que mais pegou no Brasil, embora todas as nomenclaturas caminhem para a mesma aplicação: a utilização de máquinas altamente inteligentes, independentes do controle humano, ligadas à internet e preparadas para fornecer dados importantes a profissionais qualificados.

A estimativa da Associação Brasileira de Internet Industrial (Abii), fundada em Joinville em agosto deste ano para fortalecer a discussão nacional sobre produtividade e inovação dos meios de produção, é de que nos próximos cinco anos 50 bilhões de novos dispositivos estarão conectados à rede no mundo. Uma parcela significativa deste número estará dentro das fábricas. O presidente da Abii e diretor da Pollux Automotion, José Rizzo Hahn Filho, acredita que daqui a três anos as empresas brasileiras já tenham pelo menos uma estratégia ou plano de implementar o novo conceito.

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– Se as indústrias não automatizarem seus processos, cada vez mais perderão poder de competitividade – justifica Rizzo.

Negócios voltados à inovação, como a própria Pollux Automotion, empresa joinvilense que busca soluções tecnológicas para fábricas, além de startups focadas em big data, analytics, nuvem, segurança e automação de conhecimento na área de software e em robótica avançada, manufatura aditiva, novos materiais, energias sustentáveis e simulação no campo da engenharia serão necessários para atender às novas formas de produção. Profissionais aptos a fazer a leitura dos dados fornecidos pelas máquinas também serão bastante requisitados nos próximos anos. Se, por um lado, não será preciso tantos trabalhadores operando máquinas, outros cargos deverão ser criados para suprir demandas inéditas.

– À medida que as mudanças ocorrerem, novas funções e postos de trabalho serão criados. Mas ainda não há uma resposta para a questão do desemprego.

Os desafios não param por aí. Para que a rede fabril funcione, primeiro é preciso que as operadoras de internet melhorem a qualidade e a velocidade do serviço, hoje um dos principais alvos de reclamações no País. Também é preciso pensar na segurança dos dados fornecidos pelas máquinas, além de investimentos.

– O Brasil teve a infelicidade de, bem neste momento, atravessar uma crise. Mas acredito que devemos começar a mudança mesmo que seja sem grandes investimentos, um passo por vez – avalia o presidente da Abii.



Inovação na prática
A multinacional Embraco, fabricante de compressores herméticos para refrigeração, é uma das empresas de Joinville preocupada em inovar dentro das perspectivas da internet industrial e discute o novo conceito há pelo menos quatro anos. O gerente de tecnologia da informação (TI) da empresa, Luciano Borges, conta que, recentemente, a empresa criou um comitê interno sobre internet industrial para que os colaboradores possam compartilhar as experiências de cada área.

– Investimos entre 3% e 4% de nossa receita líquida em pesquisa e desenvolvimento – reforça o gerente de TI.

Em 2017, a Embraco deve aderir ao uso de robôs colaborativos, que terão capacidade de trabalhar ao lado dos trabalhadores sem riscos à segurança. Estes dispositivos serão fornecidos pela joinvilense Pollux e será a primeira etapa de uma série de ações que serão implementadas durante os próximos meses.

– A quantidade de informações geradas hoje em dia é tamanha, que se tornou impossível manejar tudo isso apenas com a mente humana. É necessário dispor de máquinas e equipamentos conectados para gerenciamento. Vemos este, resumidamente, como um esforço para melhorar a vida das pessoas, utilizando dispositivos, máquinas e equipamentos que vão extrair dados para transformar em informação – explica Borges.

Mão de obra especializada para atender às novas demandas da indústria não é uma preocupação da Embraco, de acordo com o gerente. Ele considera Joinville um polo não só industrial, como tecnológico:

– Joinville tem um polo de ensino muito voltado à temática da alta tecnologia, até pela natureza das empresas aqui existentes. Não temos dúvida de que a estrutura nesse campo será aprimorada, com o passar dos anos, e poderemos garantir que talentos profissionais estejam à altura das demandas cada vez mais desafiadoras.

(Por A NOTÍCIA )
Rafaela Mazzaro
Foto: Maykon Lammerhirt / Agencia RBS

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