Mais de 200 crianças participam do 3º Skate para Todos, no Monte Cristo

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Pela terceira vez, a iniciativa Skate para Todos, realizado pelo Projeto Fênix, levou esporte radical, educação e inclusão para crianças e adolescente do bairro Monte Cristo, em Florianópolis. Na tarde deste sábado, mais de 200 pessoas participaram do evento no ginásio do Centro de Educação Popular (Cedep).

A correria começou já pela manhã, quando 26 adolescentes se inscreveram para participar do campeonato de skate. Mas a primeira prova não consistia em manobras com quatro rodinhas. Este teste era teórico com disciplinas de escola como Geografia, Ciências e Matemática. O projeto foi inspirado num evento da ONG Social Skate, de São Paulo, do skatista Sandro “Testinha” Soares.

— Todas as perguntas tinham a ver com o skate dentro das disciplinas comuns. Queríamos fazer algo mais educativo, porque é esse o objetivo do nosso projeto: educação, esporte e incentivo a leitura — explicou Claudio de Souza “Sonhador”, organizador do evento e idealizador do Projeto Fênix, que oferece aulas de skate para a comunidade do Monte Cristo no Cedep e na Escola América Dutra Machado.

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Parkour para crianças e adolescentes. E com ajudinha da segurança de um colchão Foto: Caroline Stinghen / Agência RBS

As notas das provas teóricas eram somadas às três voltas que podiam dar com skate e com as manobras. O vencedor era aquele que tinha a maior nota com a soma da teoria e da prática.

Para todo mundo

Durante a tarde, a partir das 13h, os portões do Cedep foram abertos para toda a comunidade. Além do campeonato de skate, as crianças e adolescentes podiam aprender o parkour — prática de pular obstáculos —, slackline, basquete, brincar no parquinho, e dançar break com o som dos MCs e grupos convidados como La Família A Banca, Erick Sk, Alicerce e Jah Volta.

Dançarinos nas horas vagas, o repositor Alonso Brandão, 36, e o operário David de Souza, 28, mandaram a ver no break. Os dois, juntos do filho do coração de Alonso, Vinicius Ribeiro, de 12, deram um show à parte.

Alonso Brandão ao ritmo do hip hop Foto: Rafael Koch / Arquivo Pessoal

— Eu danço desde os oitos anos e fez a diferença quando era jovem e morava numa comunidade em Belém do Pará. Hoje ficamos sabendo que ia rolar aqui, e não tínhamos como não prestigiar — contou David de Souza, que está há quatro meses em Floripa.

Apoio dos voluntários

Além de Claudio “Sonhador”, outros 30 voluntários, em grande parte alunos de Educação Física, trabalhavam no evento. Era o caso de Admilson Rafael, 35. Para ele, morador do Estreito, o evento é uma ótima oportunidade para tirar as crianças da rua. Ele levou a família para prestigiar. Uma das filhinhas, Ana Júlia Bello Rafael, de 4 anos, aproveitou para aprender a andar na fita do slackline. Precisou da ajuda do pai e da mamãe, a assistente social Ana Paula Bello.

Foto: Caroline Stinghen / Agência RBS

— Acho eventos como este, gratuitos à comunidade, de extrema importância. É fundamental e uma forma de inclusão social — avaliou a assistente social.

Em busca do profissionalismo

Um dos que estava arrebentando no ginásio era o jovem Gabriel Pereira, de 16 anos. Ele participa do Projeto Fênix, no Cedep, desde seu início, há três anos.

— Eu já gostava de andar de skate, mas não tinha. Usava o de amigos. Aí me falaram para ir no Cedep que tinha aula. Hoje venho sempre nas aulas, e quero virar skatista profissional. Estou a procura de patrocínio — disse.

Gabriel mantém o foco no esporte e acredita que muito de seus amigos fazem o mesmo.

— Conheço gente que deveria estar no tráfico, mas optou pelo skate. Não tem mais tempo para vender droga. O skate é vida — observou o adolescente.

(Por Caroline Stinghen – Hora de Santa Catarina)

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