Mulher que perdeu bebê porque apanhou do marido sai de casa

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M.M., 29 anos, estava grávida de seis meses. Ela conta que levou chutes e socos na barriga. O acusado nega o crime.

Após ter sido agredida pelo marido e perder o bebê na semana passada, M.M., 29 anos, saiu da casa onde vivia no bairro São Judas, em Itajaí. Os filhos de seis e 10 anos estão sob os cuidados do companheiro, o pedreiro Valdevino Alves Rodrigues, 30 anos, que permanece na moradia.
De acordo com ele, a última vez que a mulher falou com as crianças foi na segunda-feira passada e, desde então, não teve mais notícias dela. O homem nega que tenha batido em M. e diz que não sabia da gravidez.

O crime ocorreu no dia 11 de novembro, na rua Corifeu de Azevedo Marques. A vítima relatou à polícia Militar que foi agredida pelo companheiro com socos e chutes na barriga. Após a agressão, a mulher passou mal e foi levada para o hospital Marieta Konder Bornhausen, onde os médicos constataram a morte do bebê no domingo passado. M. estava grávida de seis meses e diz que o marido não aceitava a gravidez.
No sábado após o crime, a polícia foi chamada pelo hospital e registrou a ocorrência. Valdevino foi preso em casa por violência doméstica e levado à delegacia. Segundo a polícia Civil, ele pagou fiança e foi liberado no mesmo dia.

O delegado Rui Garcia explica que no dia da prisão, o plantonista não tinha a informação de que a mulher perdeu o bebê e estava internada no hospital, por isso o homem foi liberado. Uma psicóloga da delegacia da Mulher já orientou a vítima, que está com uma medida protetiva da justiça.
Assim que ganhou alta do hospital, na quarta-feira, a mulher procurou o conselho Tutelar e prestou depoimento à polícia. A presidente do conselho, Anadir Schneider, está acompanhando o caso. Ela conta que a mulher esperava uma menina, já preparava as roupinhas da criança e estava muito feliz com a gravidez.
A vítima contou que o bebê morreu de traumatismo craniano devido aos chutes na barriga. “O exame de corpo de delito deve esclarecer se houve violência”, explica Anadir. O laudo ainda não chegou nas mãos do delegado Rui.

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Segundo informações da esposa, Valdevino não tinha vícios, não bebia e nem fumava, mas ficava nervoso por qualquer coisinha e era muito agressivo. Ela não chegou a dizer ao conselho se já tinha apanhado outras vezes. Os dois estavam juntos há 11 anos e tinham três filhos – dois de M. com o pedreiro, e um do relacionamento antigo do pedreiro.
Na quarta-feira, M. disse que tentaria conseguir a guarda das crianças. Além disso, as crianças teriam visto o pai agredindo a mãe, segundo a conselheira. O conselho deve encaminhar o caso para o Cras e a mulher e os filhos serão acompanhados por psicólogos. “Ela está muito abalada, pois esperava ter o bebê. Vamos ajudar esta família a se recuperar. Na segunda iremos fazer uma visita na casa para saber o que aconteceu”, comenta Anadir.
O problema é que ninguém sabe onde M. está. O DIARINHO não conseguiu localizar M. e o conselheiro tutelar, a família e a polícia também não sabem na casa de quem a vítima se abrigou.

Pedreiro nega as agressões
O pedreiro Valdevino prestou depoimento na polícia Civil, na sexta-feira passada, acompanhado de um advogado. Ele afirmou ao delegado Rui Garcia que não sabia que a mulher estava grávida – também mostrou uma foto que tirou alguns dias antes do fato, na qual supostamente não aparentava estar com seis meses de gestação. De acordo com a versão dele, M. não teria feito pré-natal e nem ido ao médico.
Conforme o delegado, o suspeito afirmou que a mulher começou a passar mal na quinta-feira, dia 10, e teria dito que estava com infecção nos rins, por isso ficou de cama. Na sexta, segundo Rui, o homem informou que a fez levantar na marra para caminhar e pegar um ar. Porém, a mulher teria começado a vomitar. Então, ele explicou que pediu a uma conhecida dela, chamada Rose, para levá-la ao hospital.
Valdevino foi atrás da esposa de moto e só quando chegou no Marieta teria descoberto que ela estava grávida de seis meses. No sábado, ele conversou com o DIARINHO e negou novamente que tenha batido na mulher. “A gente estava há 11 anos juntos, tínhamos algumas brigas de casal, mas nunca com agressão”, garante.
O pedreiro relata que sempre dizia para a mulher se cuidar para não ter mais filhos, já que moram de aluguel e ele ganha pouco.
Porém, garante que se soubesse que ela estava grávida teria aceitado a criança. “Minha irmã olhou por toda a casa e não tinham roupinhas de bebê. Quando eu perguntava alguma coisa, ela sempre dizia que estava com problema nos rins e tomava uns remédios. Eu só fiquei sabendo [da gravidez] quando peguei os papéis na clínica, em casa não tinha nada”, conta.
Ele diz que quer conversar com a mulher para tentar se acertar, já que estão juntos há anos e tem filhos.

Polícia investiga o caso
A partir de agora o delegado Rui Garcia, da delegacia de Proteção à Mulher e ao Adolescente, vai ouvir a amiga Rose, que levou a mulher para o hospital, e outras testemunhas, que acompanharam toda a situação, para tentar confirmar a versão de um e de outro.
O responsável pelo caso investiga duas hipóteses para o ocorrido. “Vamos ver qual a natureza da morte da criança, se foi violência ou se foi aborto”, pontua.
Rui explica que vai esperar o resultado do laudo do IGP sobre a morte da bebê. “A história dos dois é bem diferente,” completa.

 

(Por Diarinho)

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