Nova moda política: “Se não colar, diz que é Fake News”

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Nesta coluna aqui já cansei de falar sobre o quão prejudicial é não conseguir se comunicar direito ou ter uma comunicação ruim na vida política. Até relembrei Chacrinha em algumas delas.

Quem se comunica mal, fala duas vezes. Mas parece que o governo municipal de Balneário Camboriú, sob o comando de Fabrício Oliveira, ainda não entendeu isso. Nem os experts chamados para aproximar a população das ações da prefeitura.

30 DIAS DE PANCADAS 

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Há exatos 30 dias o governo vem tomando pancada de todos os lados por causa de uma apresentação feita no dia 02 de outubro em uma reunião do Plano Diretor. Para um plenário semi-vazio, o prefeito anunciou um desenho conceitual de um parque como se projeto fosse. De acordo com quem estava lá e assistiu, nem ele sabia explicar direito do que se tratava. Foi mal, muito mal.

Sei lá, alguma mente iluminada apresentou um layout de uma obra megalomaníaca e o prefeito brilhou os olhos, apresentou como projeto e foi o bastante para gerar até protestos nas ruas da cidade e em reuniões da Câmara.

Claro, politiqueiros de plantão montaram em cima do buraco que o próprio Fabrício abriu e teve até via sacra em comércios e residências dizendo que a prefeitura iria mandar todo mundo sair de casa e colocar tudo “ná chón”, como diria Dona Armênia.

NÃO RECUA

O mais impressionante em tudo isso é que Fabrício não recua um único milímetro e a cada aparição em que ele fala do assunto, piora a situação. Até falar que se a pessoa não quiser vender e nem trocar por outorga, ela pode ficar no imóvel e será construído um parque em sua volta.

Custa recuar e dizer que é apenas um conceito? Tipo pessoal que desfila vestido de saco de lixo nas passarelas, o intuito é apenas tirar referências de texturas, tecidos e cores. Não é projeto, nunca foi e nunca será. Não adianta publicar decreto, o povo não tá nem ai. O povo quer ter a certeza que não vai ser expulso de casa, afinal, foi isso que a oposição vendeu enquanto a prefeitura se batia sem saber como gerar a crise.

Hoje conversando com uma pessoa totalmente fora da política, mera moradora e contribuinte da cidade, ouvi de sua boca a solução que todo mundo vê, menos Fabrício.

“Sabe o que falta para ele? Uma boa assessoria, que oriente ele e dê uns toques quando precisa.”

Ahhh! Quem dera fosse assim fácil.

FORA DE CONTEXTO?

Se não bastasse o Central Park Papa Siri, o prefeito surgiu em uma entrevista ao jornal Diarinho dizendo que quer sonorizar a Avenida Atlântica. Mais uma vez a comunicação mal feita, com traços de devaneios, pegou mal. Muito mal. Foi uma enxurrada de comentários “sentando a pua” na ideia do prefeito.

Não deu algumas horas para o Diarinho tirar o vídeo do ar. Não só o vídeo falando da sonorização da praia, mas todo o podcast que ele gravou para o jornal, do Instagram, do Facebook e até do Tik Tok. Sem rastros.

Procurada por veículos de comunicação, a assessoria de imprensa da prefeitura acusou o Diarinho de distorcer a fala e colocar ela fora de contexto. Oi? Como? A edição até truncou umas informações, mas a fala do prefeito é clara:

“Eu quero sonorizar toda a nossa avenida para que as pessoas entrem na Avenida Atlântica, elas sintam a frequência de uma música que vai inspirar nelas a contemplação, admiração pela natureza, contemplação da areia, contemplação do mar.”

Esse trecho não tem cortes, é integral. Ou vão dizer que o Diarinho criou a fala dele com Inteligência Artificial?

FAKE NEWS 

Se não bastasse acusarem veículos de comunicação de distorcer as coisas, agora matérias publicadas denunciando coisas erradas no município são chamados de “Fake News” por agentes públicos.

Ao menos é isso que me informou uma leitora que entrou em contato comigo, indignada, para dizer que ligou no BC Trânsito para se informar sobre uma multa que recebeu no rotativo.

Ao questionar sobre a matéria veiculada no Portal Visse e na Rádio Menina, recebeu como resposta de uma servidora que a matéria é “fake news”. A servidora ainda disse que os veículos de comunicação não são canais oficiais e que não são “confiáveis”.

Mais uma vez, questionada sobre a nota da prefeitura que afirmava que o contrato estava vencido, a servidora afirmou que não havia nota nenhuma.

DIZ QUE É MENTIRA, MAS NÃO MOSTRA A VERDADE

Tenho para dizer para a servidora que se for para mentir para a população, que pelo menos alinhe o discurso com outros setores. Afinal, eu recebi a nota do Diretor de Comunicação. Questionei se era o posicionamento oficial e ele confirmou. Não tenho nada a temer

E outra, o Ministério Público não notificou a Prefeitura para se explicar porque acha meus olhos bonitos. A promotoria teve acesso ao conteúdo da matéria e abriu, por conta própria, de ofício, um procedimento para apurar as irregularidades que o próprio MPSC enxergou.

Aliás, caso a servidora não saiba, os documentos enviados pela prefeitura ao MPSC, mais uma vez confirmam todos os fatos narrados na matéria. Tudo que a prefeitura tem é um contrato vencido e um oficio interno enviado por email, que não tem nenhum embasamento legal para ser chamado de “termo de cessão”.

Além do mais, mesmo que tivesse fulcro legal para tal, o oficio pedia o “empréstimo” por 30 dias, prazo que findou dia 1° de setembro. Logo, mais uma vez, está irregular, e toda cobrança ou multa, é ilegal.


Nova moda política: “Se não colar, diz que é Fake News”
Poucas e Boas – Por Gian Del Sent 

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