Perseverança: Ele saiu da roça e aos 27 anos vai pilotar um Airbus

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Até os 20 anos de idade a rotina de Paulo era ajudar seus pais na pequena propriedade rural da família em União do Oeste, Santa Catarina, uma pacata cidade com menos de 3 mil habitantes próxima da fronteira com a Argentina.

Lá a família plantava milho, feijão, engordavam porcos para abate e cuidavam de dez vacas leiteiras. Paulo ajudava quando não estava na escola, porque o estudo sempre foi uma cobrança de seus pais. “Não tinha muito lazer, eram todos os dias de manhã à noite, então tinha dias que o cansaço era grande pra todos”, relembra.

A irmã mais velha, Ana Paula, em busca de novos horizontes, quando ainda estava cursando o ensino médio mudou-se para Florianópolis e lá ela fez o curso de comissária. Logo a oportunidade de trabalho apareceu e ela se tornou colaboradora na TAM, ainda em 2007, dando adeus a pequena União do Oeste. “Através dela que conheci a profissão de piloto e decidi que seria isso que queria fazer”, relembra Paulo.

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A irmã mudou-se para Jundiaí, cidade próxima de São Paulo, a base TAM de Ana Paula. Influenciado por ela Paulo também deixa União do Oeste para trás. “Não faltava nada, mas não era a vida que nós filhos gostaríamos de ter no futuro”, comenta.

Paulo procurou a EJ, e em uma oportunidade aberta pela escola na época, foi contratado como estagiário para trabalhar nas operações terrestres. Através do estágio que ele conseguiu conquistar suas horas de voo na escola. “Não tinha condições financeiras pra pagar todos os cursos que são extremamente caros”.

Após dois anos e meio empurrando e limpando aviões, atendendo clientes e conferindo documentações, Paulo se formou piloto comercial e instrutor de voo. Para não ficarem longe dos filhos, os pais venderam a propriedade em Santa Catarina e agarraram uma oportunidade de emprego em Jundiaí. Na cidade, começaram a trabalhar como caseiros, onde o pai Adilar cuidava da chácara e a mãe Janete cuidava da casa dos patrões. “Foi uma mudança grande pra todos, mas proporcionou oportunidades muito melhores”, explica.

Para economizar, a família inteira volta a morar junto na casa dos patrões de Adilar e Janete. Paulo começa a trabalhar como instrutor na unidade Jundiaí. “Conciliava os dois trabalhos, tanto operações como instrução”, conta. Pensando no preparo para sua profissão, logo Paulo inicia o curso superior em Ciências Aeronáuticas na UNISUL, a distância. “Meus pais sempre me ajudaram financeiramente com o pouco que ganhavam porque o valor da ajuda de custo era pra pagar o valor da mensalidade da faculdade”.

Como instrutor, por três anos e meio, voou 1759,5 horas e deu aulas de simuladores por quase 100 horas. Operou todos modelos da unidade Jundiaí. “Você passar seus conhecimentos adquiridos para alguém que está iniciando sua formação é muito gratificante pois a cada voo eu me colocava no lugar do aluno”, relembra.

Paulo Wagner de Souza, hoje com 27 anos, foi contratado pela Avianca. Já concluiu o ground school do Airbus A318, 19 e 20 e está iniciando o treinamento nos simuladores de voo, antes de entrar em rota, efetivamente pilotando.

Qual é o segredo do sucesso de uma boa colheita? “Uma boa qualidade de semente, cuidar, adubar bem, e tem que torcer pra chover nos momentos certos”.

A EJ agradece Paulo pelo tempo dedicado à escola e deseja boa sorte em todas as colheitas em sua carreira de aviador.

Fonte/foto: robertolorenzon

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