Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou a presença de cocaína e seus metabólitos na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. De acordo com os pesquisadores, os níveis identificados estão entre os mais elevados já registrados globalmente.
A substância foi encontrada em 63% das amostras analisadas, abrangendo água, sedimentos e organismos vivos. Um dos principais indicadores detectados foi a benzoilecgonina, metabólito associado ao consumo e descarte da droga. O grupo de cientistas já vinha investigando a presença de cocaína em grandes animais marinhos, como tubarões na Bacia de Santos, e agora amplia a análise para ambientes costeiros.
“Esse resíduo é comum na América Latina, mas os índices observados foram surpreendentemente altos”, afirma a pesquisadora Silvani. Ela acrescenta que um novo levantamento está em andamento para mensurar com mais precisão a quantidade da substância na lagoa.
Outras substâncias também foram identificadas
Além da cocaína, a pesquisa detectou cafeína, antibióticos e analgésicos na água da Lagoa da Conceição. O estudo recebeu apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e da Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), sendo publicado na revista científica Science of the Total Environment.
A investigação foi coordenada pela professora Silvani Verruck, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC, e teve início após um grave desastre ambiental: o rompimento de uma lagoa de tratamento de esgoto em fevereiro de 2021, que resultou na inundação de diversas ruas e residências com resíduos sanitários.
As coletas foram realizadas em locais estratégicos da Lagoa da Conceição, incluindo áreas próximas à estação de tratamento de esgoto, regiões urbanizadas e zonas de alta biodiversidade.