Safra de pinhão deve ser 30% menor neste ano em Santa Catarina

Publicidade

O sobe e desce dos pinheiros começa a ser rotina para mais de 100 famílias da Serra de Santa Catarina a partir desta segunda-feira (1º). É tempo da colheita de pinhão, que neste ano deve registrar uma queda de 30% a 50% no Estado, em relação ao ano passado. A projeção é da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

A espora, a corda e a habilidade de escalar as araucárias com cerca de 15 metros de altura fazem parte da vida dos produtores nesta época do ano. Em Santa Catarina, a região Serrana é a principal produtora da semente. Muitas famílias têm na atividade a principal fonte de renda, principalmente na pequena cidade de Painel, onde está concentrada a maior parte da produção de pinhão.

Mas neste ano a quantidade deve ser menor, segundo o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (CEPA). A produção de pinhão é estimada entre 2 mil e 2,3 mil toneladas.

Publicidade

— Para a safra que está iniciando, devido a ocorrência climáticas desfavoráveis e a fatores cíclicos, coincidindo com um ano de poucas pinhas, ano de baixa, é esperada uma queda entre 30% a 50%, em relação a 2018, que foi um ano bom, com 3,5 mil toneladas — diz o engenheiro agrônomo da Epagri, Luiz Toresan.

Na propriedade do produtor Durval Gerônimo Branco Vieira, em Capão Alto, os pinheiros estão com menos pinhas. Ele conta que tem pinheiro que antes produzia cerca de 50 pinhas e, neste ano, não passa de dez.

O produtor ainda não sabe vai ter pinhão suficiente para colocar à venda, porém já contratou um ajudante para fazer o trabalho.

— Já contratamos um rapaz para vir aí, para subir nos pinheiros, tirar para o gasto, que a gente gosta, e se tiver excesso a gente vende — destaca o produtor.

Com menos pinhão no mercado, o consumidor deve sentir o impacto no preço no produto.

Colheita de pinhão é protegida por lei

Desde 2011, uma lei estadual 15.457 autoriza que a colheita, transporte e venda da semente seja feita a partir do dia 1º de abril. Santa Catarina é o único Estado do Brasil em que a atividade começa mais cedo.

Para garantir que a lei seja cumprida, a Polícia Militar (PM) faz operações em supermercados, bancas em rodovias, onde geralmente essas vendas acontecem, e nas propriedades rurais. Quem é pego descumprindo a medida paga multa e pode responder por crime ambiental.

O policial e biólogo Ilton Agostini Junior explica que esse período de defeso é importante para garantir o alimento e a perpetuação de espécies, como o papagaio–charão, que todos os anos migra para a região serrana em busca da semente.

— O defeso é justamente para isso, para você conseguir ter uma fração desse pinhão que seja destinado a perpetuação da espécie, da araucária que está em extinção. E, também para alimentação da fauna que nesta época do ano, às vezes é o único alimento que ela encontra aí nas matas — comenta.

Em uma operação de fiscalização, agentes do 2º Batalhão de Polícia Ambiental apreenderam mais de 226 quilos de pinhão que foram tirados antes da data permitida por lei. As apreensões aconteceram nas cidades de Palma Sola e Campo Erê, e na região de Concórdia, onde o produto era vendido ilegalmente.

O pinhão apreendido será encaminhado para escolas e também ao Instituto Espaço Silvestre, em Itajaí.

Por NSC

Publicidade