Sem conferir passagem, companhia aérea ‘extravia’ jovem de 13 anos do DF para destino errado

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Uma sucessão de erros de funcionários da Avianca no Aeroporto Internacional de Brasília fez com que um adolescente de 13 anos, que viajava sozinho para Florianópolis (SC), embarcasse no voo errado e fosse parar em Porto Alegre (RS) – a quase 500 km de distância do destino certo.

O caso aconteceu no último sábado (9). O jovem tinha passagem comprada para Florianópolis (SC), onde mora a mãe. O pai, Eduardo Gontijo, conta que levou o filho até o portão de embarque e, de lá, um funcionário da companhia foi designado para acompanhá-lo.

Os erros aconteceram já na sala de embarque. Segundo a família, o jovem foi encaminhado ao portão errado e, mesmo com o tíquete para outro voo, embarcou normalmente. A empresa não conferiu a passagem, e o problema só foi descoberto após o pouso.

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Questionada sobre a falta de controle no embarque e dentro da aeronave – já que o assento destinado ao jovem já estava ocupado por outro passageiro –, a Avianca respondeu, em nota, que o episódio “foi pontual e que a companhia prestou total assistência ao passageiro e à sua família”.

“A empresa reforça ainda que segue rígidas normas e procedimentos de segurança”, diz o comunicado de um parágrafo.

Madrugada de tensão

À TV Globo, Eduardo Gontijo contou que o filho recebeu, ainda no check-in, uma pulseira vermelha indicando a necessidade de monitoramento. Ele foi levado a um funcionário da Avianca que também acompanharia um grupo de quatro pessoas.

O garoto manteve o pai informado de cada passo: mandou mensagem assim que entrou no avião, e pouco antes de decolar. Era a terceira viagem dele desacompanhado. Duas horas depois, ele também avisou que já tinha pousado no destino.

A descoberta veio 10 minutos depois. Eduardo recebeu uma ligação do filho, e ouviu a seguinte frase: “Pai, estou em Porto Alegre. E agora?”

Mensagens enviadas por adolescente ao pai, após erro em aeroporto do DF — Foto: Arquivo pessoal

Mensagens enviadas por adolescente ao pai, após erro em aeroporto do DF — Foto: Arquivo pessoal

Enquanto isso, a mãe do adolescente, Elisa Nogueira, aguardava o desembarque do voo em Florianópolis. Ao perceber que o filho não estava entre os passageiros, ela diz que questionou os funcionários, mas ninguém soube explicar o que tinha acontecido.

“É angustiante. Eles simplesmente não checaram que tinha uma pessoa a mais no voo, ou que estava faltando uma pessoa no outro voo. Uma pessoa que estava acompanhada de um funcionários deles.”

Naquele momento, a companhia não soube explicar o que tinha acontecido e deu duas opções à família: dormir em um hotel, acompanhando de um funcionário, ou ficar no aeroporto até a manhã seguinte.

“Fiquei com o pai dele no telefone tentando encontrar uma solução, se deixava meu filho dormir com um completo desconhecido”, conta Elisa.

A mãe teve, ainda, que assinar uma autorização para que a criança dormisse no hotel. Antes, preferiu registrar um boletim de ocorrência e checar a ficha criminal do funcionário designado.

Mensagens enviadas por adolescente após pernoite em hotel, motivado por erro em embarque no DF — Foto: Arquivo pessoal

Mensagens enviadas por adolescente após pernoite em hotel, motivado por erro em embarque no DF — Foto: Arquivo pessoal

Sem controle

Na terça-feira (12), três dias após o embarque errado, a Avianca procurou a família para explicar a série de problemas. Segundo a companhia, o grupo de quatro pessoas a que o adolescente se juntou ia, de fato, para Porto Alegre.

A Avianca também confirmou, segundo a família, que não fez o controle da passagem no momento do embarque. O pai do adolescente aponta outros erros que, segundo ele, a empresa não chegou a admitir.

“Quando ele entrou na aeronave errada, uma pessoa já estava no assento destinado a ele. O comissário de bordo não checou a passagem, apenas pediu para ele sentar no primeiro assento que estava livre. Se tivessem olhado o bilhete, teriam visto que aquele passageiro não era daquele voo”.

Eduardo conta que a empresa tentou minimizar a situação, apontando a idade do garoto – ou seja, dizendo que ele teria que se virar melhor sozinho. “A questão não era essa. Poderia ser uma criança menor, um idoso ou uma pessoa com alguma deficiência. Não há justificativa”, diz o pai.

O garoto chegou em Florianópolis 12 horas depois, e as malas só foram entregues após outros dois dias de transtorno. “Foi uma sensação de alivio. Ele estava assustado e aliviado”, conta a mãe.

Na nota enviada ao G1, a empresa não informa se a família terá algum tipo de compensação ou ressarcimento, e também não diz se os sistemas de verificação dos embarques passarão por algum tipo de reforço.

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