O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi preso na manhã desta quinta-feira (17) em seu apartamento, no Leblon, durante operação deflagrada pela Polícia Federal, junto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. A operação, denominada Calicute, é um desdobramento da Operação Lava Jato e tem como objetivo investigar o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Rio. O prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões.
Cabral é o segundo ex-governador do Rio preso em 24 horas. Ontem, a PF prendeu Anthony Garotinho (PR) em uma investigação sobre esquema de compra de votos em Campos dos Goytacazes (RJ) comandada pelo Ministério Público Eleitoral.
Manifestantes que estavam na frente do edifício onde Cabral mora gritaram “ladrão” quando o ex-governador deixou o local em um carro da PF por volta das 7h.
Segundo a PF, 230 policiais federais cumprem 38 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão preventiva (sem prazo), dois mandados de prisões temporárias (com prazo determinado) e 14 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levado para prestar esclarecimentos) expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Além disso, mais 14 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, do juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.
São investigados os crimes de pertencimento a organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências dezenove procuradores do MPF e cinco auditores fiscais da Receita Federal.
No primeiro semestre, executivos da empreiteira Andrade Gutierrez relataram em delação premiada o acerto de propinas sobre obras de urbanização do conjunto de favelas de Manguinhos, além da cobrança de um percentual na obra de reforma do estádio do Maracanã.
De acordo com os ex-executivos, Cabral teria recebido R$ 60 milhões de propina na reforma do estádio que recebeu a final da Copa. O consórcio da obra teria sido definido em 2009, antes mesmo da licitação. O custo foi de R$ 1,2 bilhão.
O ex-governador também foi acusado de pedir dinheiro em obras sem participação direta do Estado. Segundo Rogério de Sá, um dos delatores, ele pediu 1% pelas obras de terraplanagem do Comperj, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Cabral sempre negou as acusações.
Garotinho preso
Ontem, a PF prendeu o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR). A ordem de prisão foi decretada pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral, em Campos dos Goytacazes (RJ), que investiga um esquema de compra de votos na cidade. A prisão foi pedida pelo Ministério Público Eleitoral.
Garotinho, que foi governador do Estado entre 1999 e 2002 e deputado federal (exerceu mandato até 2015), ocupa atualmente o cargo de secretário municipal de Segurança em Campos, onde sua mulher é prefeita. Contra ele, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão e ordem de prisão preventiva (sem prazo determinado).
(Por UOL )