Sob comando de Lula, PF diz que direção da Abin interferiu em investigações sobre software

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
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A direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sob o governo Lula (PT) tentou interferir nas investigações sobre o uso do software espião FirstMile durante o governo Jair Bolsonaro (PL), diz a Polícia Federal. As informações são da Folha de São Paulo.

De acordo com o pedido encaminhado ao ministro do STF Alexandre de Moraes, a PF alega que a atual direção da Abin, sob o governo Lula, teria realizado ações que prejudicaram o andamento das investigações. O documento cita Alessandro Moretti, número dois da agência, apontando que em uma reunião com investigados, ele teria declarado que a apuração tinha “fundo político e iria passar”. Moretti é um delegado da PF e ocupava a função de diretor de Inteligência da Polícia Federal até dezembro de 2022.

A PF também alega que houve um “conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin”, o que teria causado prejuízos à investigação e à própria agência. O órgão aponta ainda que, após o início das investigações, a direção-geral da Abin teria adotado uma estratégia para “acalmar a turma” e influenciar a percepção dos investigados sobre a gravidade dos fatos.

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Durante a busca e apreensão realizada no ano passado na sede da Abin, a PF afirma ter encontrado “outras possíveis ferramentas de espionagem”, como a Cobalt Strike e a LTESniffer. A Abin, por sua vez, afirmou anteriormente que aposentou o FirstMile em 2021 e não adquiriu outra ferramenta.

A operação desta quinta-feira resultou no cumprimento de mandados em diversas cidades, incluindo Brasília, Juiz de Fora, São João Del Rei e Rio de Janeiro. Um dos alvos foi Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin no governo Bolsonaro, atual deputado federal e pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro. Ramagem é investigado por supostamente ter se corrompido para evitar a divulgação de informações sobre o uso irregular do software espião durante sua gestão.

A PF conclui que as provas coletadas indicam a existência de um “grupo criminoso” que teria criado uma estrutura paralela na Abin, utilizando ferramentas da agência de inteligência para ações ilícitas, produzindo informações com fins políticos e midiáticos, além de interferir em investigações da Polícia Federal.

Em resposta, a Abin afirmou que a atual gestão está colaborando com as investigações e reiterou seu interesse na apuração rigorosa dos fatos. O desenrolar dessa operação promete trazer à tona mais detalhes sobre as alegadas interferências e o uso de ferramentas de espionagem.

 

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