“Sou um Davi em meio a muitos Golias”, afirma Jessé Pereira, pré-candidato ao governo de SC

Publicidade

Marinheiro de primeira viagem, como se intitula, Jessé Pereira, candidato pelo Patriota ao governo de Santa Catarina, surgiu apenas no dia 9 de agosto para o cenário eleitoral de catarinense e concorre pela primeira vez a um cargo público.

Natural de Camboriú, o presbítero da igreja evangélica adota um tom religioso e de família ao falar sobre suas propostas, e valoriza a candidatura nacional ao se referir a Cabo Daciolo, presidenciável que causou repercussão após o primeiro debate na televisão. Escolheu a palavra “amor” – que segundo ele é a base de tudo – para definir o que quer para o Estado caso seja eleito governador.

PERFIL

Nascimento: 4/9/1979
Natural de: Camboriú
Profissão: vendedor
Escolaridade: superior incompleto
Carreira política: nunca foi eleito para cargo público

Publicidade

Confira a seguir a entrevista com o candidato:

O Patriota esteve próximo de coligar com outros partidos. Por que a decisão de lançar candidatura própria nesse cenário que, agora, tem nove candidatos? Por que não deram certo as composições que a sigla tentou fazer?

Sou novo na política, é minha primeira candidatura. Eu vinha trabalhando na coleta de assinaturas para a criação do Partido Militar Brasileiro, mas a gente não conseguiu homologá-lo e aí tive o convite no início de abril de me filiar ao Patriota, a convite do presidente estadual. A princípio, me filiei para ajudar o partido, mas sem pensar em candidatura, mas eu queria ajudar muito a sigla pela sede de mudança, sede de renovação que a gente tem. Vemos tanta coisa acontecendo, política desacreditada, e se nós patriotas não vestirmos a camisa e fizermos a nossa parte, acho que não vai haver mudança nunca. Por isso, fiz a filiação. Logo no início, recebi o convite da direção do partido para ser um pré-candidato ao Senado, devido à influência que tenho na igreja evangélica. Devido ao bom conhecimento, à vida limpa, houve esse convite. Mas como era só uma pré-candidatura, optamos por não divulgar e fomos alinhando algumas coisas na igreja pensando nessa candidatura futura. Até o último momento, a visão era a candidatura ao Senado. Ou se a gente fechasse alguma aliança e eu viesse como suplente se houvesse uma ideologia que eu concordasse e uma linha de pensamento parecida. Mas não houve entendimento com nenhum partido como a gente queria e, em um último momento, ficamos à mercê de algumas coligações e houve o convite para que lançássemos candidatura ao governo. Em um primeiro momento, achei algo complexo para mim, até porque é o Executivo de Santa Catarina, um Estado que merece atenção redobrada. Mas não posso correr da raia. Fácil sei que não é. Mas vamos à luta.

O senhor se sente preparado para governar Santa Catarina?

Se eu for olhar os meus concorrentes, Deus já me preparou. Já estou me preparando, estudando gestão pública, não conheço tudo ainda, mas penso que a politicagem tem que acabar. Cargo político para indicações em secretarias, acho que tem que acabar. Temos que indicar pessoas que conheçam a causa. Não sou, por exemplo, um expert em economia. Então terei que contratar alguém para estar ao meu lado. Uma pessoa que esteja preparada para essa área. Saúde é a mesma coisa, educação também. Sozinho não sei fazer nada, não vou conseguir dominar. Até porque é difícil. O Executivo é difícil porque fica preso ao Legislativo, querendo ou não, mas vamos fazer a nossa parte. Temos também um candidato a presidente, o Cabo Daciolo, que é um homem de Deus, que está fazendo a diferença. Ele não apareceu em nenhuma pesquisa, já foi pedido para que o colocassem, mas acredito que Deus preservou ele para esse momento, para ele mostrar a diferença. Penso que sairemos vitoriosos dessa campanha.

 

O senhor falou em ideologia. Quais são elas? Quais são as ideias do desconhecido Jessé Pereira?

Minhas ideias: primeiro valorizar a família, valorizar a instituição. O Estado não pode ficar preso a partidos políticos e muito menos a políticos de carreira. Acho que é momento em que a gente tem que inovar com pessoas novas, com pessoas que conhecem a causa de cada secretaria, de cada setor. A minha ideologia é essa. Novidade. Inovação. Mudar o que está por aí.

O que seria diferente em Santa Catarina em um governo comandado pelo Patriota?

A gente estaria livre do sistema político. Eu sei que não é fácil, por isso a gente pede para o catarinense que não pense só no Executivo. É necessário ter renovação, claro, mas é preciso que essa renovação seja feita também no Legislativo. Pessoas jovens, novas, com ideias diferentes, e que venham a entrar lá, fazer a diferença e mudar. Parar com a politicagem. É preciso fazer isso.

Se o senhor vencer e for eleita uma composição da Assembleia Legislativa parecida com a que tem hoje, como vai dialogar com ela?

Boa pergunta. Não sei como eu lidaria. Vou fazer a minha parte. Não vou fazer acertos políticos. Se eu for travado por eles, quem terá que ser meu advogado é o povo. Não tenho outra alternativa. O que eu não posso é mudar o meu caráter, falar uma coisa e fazer outra coisa. Como cristão, não faço isso. E com o caráter que Deus me deu, que meus pais me ensinaram, não vou mudar. Essa é minha ideologia, é o meu pensamento. Sei que não é fácil chegar, estou bem ciente disso. É uma campanha difícil. Sou apenas um pequeno Davi enfrentando grandes Golias, mas acredito em um Deus que me deu a oportunidade de estar aqui hoje e que pode mudar essa situação.

A campanha é curta e a candidatura do senhor surgiu na quinta-feira. Onde buscar esse voto a partir de agora? Em quais regiões? Será com foco na igreja?

Meu foco será para todo o catarinense, porque hoje só a igreja não elege um governador e muito menos um senador. Vou falar com o catarinense nas mídias, vou viajar pelo Estado, vou visitar a igreja, mas não só elas, o povo e as lideranças, e vou mostrar a minha situação. Depende do povo querer mudança ou não.
Eu estou aqui como renovação. Agora, se o povo quiser continuar tudo como está, pode votar nos mesmos e vamos seguir em frente. Eu sigo a minha vida. Para mudar o que está, nós precisamos renovar.

Um dos clamores da sociedade e um dos desafios do próximo governador é segurança pública, guerra de facções e outros problemas. O que o senhor pretende mudar para resolver isso?

O maior problema nosso é efetivo. A gente tem pouco policiamento e quando surge um novo número de policiais, geralmente eles já estão encaminhados por negociações políticas para cidades grandes, onde tem voto. Aí, as cidades pequenas, que às vezes estão com níveis de criminalidade idênticos ou até maiores, têm ficado de lado. Cito a minha Camboriú, a minha amada Camboriú, que chegou em um momento em que estava em primeiro lugar do Estado em criminalidade e não recebemos quase nada de policiamento. Isso a gente precisa rever. Acho que precisamos treinar, preparar mais policiais, mas dividir melhor esses policiais e definir para onde irá esse efetivo. Outra coisa. Quando a corda aperta, nós precisamos recorrer onde? Em Brasília. Nós temos hoje o Exército Brasileiro, as Forças Armadas, que estão a nosso favor. Acho que temos que usá-los, porque, afinal de contas, eles estão sendo pagos para dar segurança ao povo brasileiro.

O senhor quer trazer o Exército para ajudar no policiamento?

Se for necessário. Não estou dizendo que vou chamar o Exército, mas, se necessário, a gente poderia chamar para nos ajudar. Porque queremos aumentar o número de policiais, de efetivo, mas não sabemos como estão as contas do Estado e sabemos que o processo de treinar e preparar o policial é demorado. Então, se for necessário, pediríamos ajuda ao governo federal, sim.

Mais policiais, então, resolvem o problema de segurança no Estado?

Ajuda. Claro que é necessário também prepararmos as nossas crianças, os nossos adolescentes, porque hoje são eles que estão sendo usados pela criminalidade. Eles praticam os atos deles e a lei defende por conta do Estatuto da Criança e do Adolescente. Não respondem como adultos. Não culpo só a criança, o adolescente. Culpo as leis, que precisam mudar. Por isso, volto a dizer que precisamos renovar o nosso Legislativo. Congresso Nacional precisa ser renovado, com pessoas com novas ideias e decididas a fazer mais pelo brasileiro, não pensando nos privilégios que vão ter na política. Por privilégio, o país está como está.

 FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL - 10/08/2018Jessé Pereira, candidato ao Governo do Estado de Santa Catarina pelo partido Patriotas

Foto: Marco Favero / Diário Catarinense

O senhor defende a redução da maioridade penal?

Sou a favor da redução, sim.

Como enfrentar o problema da saúde, reduzir essa dívida, e fazer com que a sociedade se sinta confortável quanto a esse tema?

Primeiro, nós precisamos desinchar essa máquina. Por que hoje não sobra dinheiro para a saúde? A máquina está inchada, há muitos privilégios para os políticos. Isso precisamos mudar. Se sobrar dinheiro desse lado, a gente vai conseguir investir na saúde. Também vejo que há alguns investimentos que avalio que não tinha necessidade, que poderia estar sendo investido na saúde, em mais hospitais. Se não tiver condição de construir mais hospitais, vamos fazer parcerias com instituições privadas. O que não pode é um pai de família, como o meu pai, que está com 78 anos, teve um infarto e está esperando há algum tempo um exame que até agora não saiu. E já faz alguns meses. Isso não pode acontecer. Não só com o meu pai. Por vários pais de Santa Catarina que estão à espera. Isso tem que mudar, fazer com que o paciente, o catarinense, seja atendido.

Quais são esses gastos não urgentes que foram colocados à frente?

Vou dar um exemplo. Foi muito bom o Centro de Eventos na minha região, porque ela é uma região turística. O Centro de Eventos (de Balneário Camboriú) na Santur foi muito bom, mas acho que o momento… Não sei se daria para desviar essa verba para a saúde ou para outra situação, mas são essas coisas que o povo não entende. As pessoas que necessitam da saúde, da educação, das escolas, não conseguem olhar para aquilo e pensar: “nós vamos usufruir daquilo”. Agora, se nós fizermos novos hospitais, investirmos mais na saúde, conseguiremos ver um povo feliz e contente porque é o que a comunidade necessita.

Nós estamos em um Estado que é majoritariamente cristão, mas emplacar esse discurso de religião não reflete necessariamente em votos. O senhor não acha que pode haver uma restrição do eleitorado com esse discurso demasiado de “fé“ e “Deus” em uma campanha eleitoral?

Se é dessa maneira que alguns vão me olhar, eu não tenho problema em perder votos ao falar sobre o meu Deus. Porque acima de política, do meu cargo, está a presença e minha comunhão com Deus. Quem não acredita? Respeito. Mas é minha fé. Não troco por nada, por cargo político nenhum. Nem governador, nem senador, nem presidente da República. Tudo isso aqui é passageiro. Tudo isso aqui vai ficar quando a gente for sepultado. Mas a nossa fé, não. Nossa fé vai nos levar a um lugar melhor.

Se o senhor for eleito, que critério vai escolher para definir sua equipe de governo, tendo em vista que vem de um partido pequeno que não tem tantos quadros assim?

Nós, no nosso grupo do Patriota, temos pessoas altamente capacitadas. Se Deus me colocar lá, ele vai me capacitar para eu encontrar as pessoas certas para os cargos certos. E essas pessoas não são as que os partidos vão indicar. As pessoas serão indicadas por meritocracia.

E se essa pessoa for ateia?

Não tem problema. Inclusive tem um médico na minha cidade que é espírita, não profere a mesma fé. E ele é uma pessoa que faz um tremendo trabalho em Camboriú. Ele atende pessoas lá, não cobra nada. Não significa que vai ser ele, mas tem que ser desse tipo. Não importa a religião, mas que a pessoa esteja preparada para o cargo.

Qual a primeira coisa que o senhor gostaria de mudar no governo de Santa Catarina?

As indicações. Indicar só pessoas capacitadas. Essa é a primeira coisa que eu mudaria.

 

 

DC

Publicidade