Turismo de fim de ano eleva expectativa em comércios e pousadas de Pomerode

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As ruas de paralelepípedo do Centro de Pomerode podem substituir o solo arenoso do Litoral nos caminhos de lazer e descanso de parte dos turistas afoitos para se despedirem de 2016. Cantada em prosa e verso pela mídia nacional durante o ano como recanto da Alemanha no Brasil, a cidade de 27,7 mil habitantes desfruta da fama extra tendo na manga atributos como um fim de ano de mais quietude e sossego, sem filas para comprar pão, água racionada ou picolé caro. O Réveillon não tem as cores dos shows de fogos de artifício, mas tem mais restaurantes dispostos a ofertar ceias – e sem a mesma disputa por mesa.

O turismo de fim de ano em Pomerode ainda não rivaliza com outras datas como janeiro da Festa Pomerana, março e abril da Osterfest, julho do Festival Gastronômico e as festas de outubro, mas vem aos poucos trazendo mais pessoas para o município de raízes alemãs nos dias plácidos que interligam o Natal e o Ano Novo. O movimento, que já cresceu no feriado do dia 15, divide-se entre turistas, vindos de cidades como Curitiba e São Paulo, e visitantes de um dia só, que correm contra o relógio para ir ao zoológico, nas lojas de artesanato e provar uma cuca ou um strudel daqueles mostrados na TV antes de deixar a cidade.

O crescimento turístico anima empresários como Rolf Porath. Há cinco anos ele passou a manter a pousada aberta para o período de fim de ano e desde então percebe um aumento no fluxo de visitantes. No início deste ano, concluiu uma reforma que elevou de 30 para 40 leitos a capacidade do estabelecimento, que ele espera ser preenchida com os convidados de Natal e Réveillon. Um turista que geralmente viaja de carro, que não tem vocação para ser sovina e busca nos restaurantes e nas lojas de fábrica opções para se divertir longe da babel do Litoral.

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— Talvez a demanda não seja suficiente para todas (as pousadas) porque algumas ainda fecham, mas as que abrem, como a nossa, têm um movimento significativo. As pessoas procuram esse clima tranquilo, com área de lazer. A gastronomia, o turismo de compras, o descanso e a visibilidade que a cidade está tendo são fatores que trazem muita gente para cá — avalia Rolf.

O aumento no número de visitantes também abre os olhos de comerciantes que antes fechavam as portas e agora mantêm as atividades durante o período de fim de ano. É o caso da confeitaria de Marlene Volkmann, fundada há 29 anos e que há quatro preserva as portas abertas para oferecer o café colonial que enche mesas e olhos de turistas que passam pela cidade entre Natal e Ano Novo:

— A gente tenta manter a tradição e resgatar as receitas porque é o nosso diferencial e a gastronomia é uma das coisas que os turistas mais buscam.

Espírito de Natal e tranquilidade no Réveillon
Nos dois hotéis e dois restaurantes de Pomerode que vão oferecer ceia de Natal e Ano Novo, as reservas ainda não chegam a empolgar – a expectativa é de que muitos deixem os agendamentos para a última hora –, mas existe a perspectiva de mais turistas girando pela cidade nos últimos dias do ano.

No Réveillon, segundo Eliana Czaschke, proprietária de um hotel, até mesmo moradores do Litoral que desejam fugir da agitação das praias recorrem ao município para se distrair. Um revezamento garante lojas e restaurantes abertos todos os dias nesta época do ano. No Natal, as atrações natalinas da Adventsmarkt, Mercado de Natal, animam moradores e visitantes com a atmosfera de 25 de dezembro.

Já para o fim do ano, a demografia da cidade se abre para pessoas que querem aproveitar o calor não para exibir marcas de biquíni ou latas de cerveja, mas para visitar o Zoológico, a Vila Encantada, percorrer de carro ou pedalar pela Rota do Enxaimel, os cafés coloniais, restaurantes e cervejaria, ou simplesmente contemplar o silêncio bucólico da pequena Alemanha.

A presidente da Associação Visite Pomerode (Avip), Gicele Lanser Correa, que também é proprietária de duas pousadas em fase de expansão, explica que o clima de sossego, os vínculos com a vida de cidade pequena e a exposição constante da parte histórica e cultural da cidade contribuem para uma procura maior de visitantes.

— Há um grande público que busca mais cultura, gastronomia e o vínculo com as raízes dos imigrantes — defende.

Quando as taças de espumante se encontrarem em brindes silenciosos, independente da confirmação ou não dos bons índices de ocupação, a rede hoteleira e a cidade não terão muito tempo para resoluções de um novo ano com sucesso. No dia 12 de janeiro começa a 34ª Pomerana – período para o qual as reservas já estão em
ritmo de festa.

Otimismo em Rio dos Cedros


Outro destino marcante na preferência dos que gostam de curtir o fim de ano em contato com a tranquilidade e o meio ambiente é a chamada Região dos Lagos, em Rio dos Cedros. Os principais atrativos além do contato com a natureza são o clima intimista oferecido por hotéis e pousadas, com ambientes rústicos e aconchegantes como salas com lareiras, passeios de lancha oferecidos por alguns estabelecimentos e refrescantes visitas a cachoeiras e lagos.

Em um dos hotéis mais procurados de Rio dos Cedros, fundado há 20 anos e que possui 22 quartos e três cabanas, a central de reservas registra 70% de ocupação para o período que antecede o Réveillon. O movimento costuma aumentar após o Natal e se estender até fevereiro.

— Muitas pessoas que não gostam daquela superpopulação do Litoral acabam vindo para cá e aproveitando a tranquilidade, os passeios refrescantes, a água doce, a barragem do Pinhal — conta o administrador do hotel.

Em outra pousada, embora não sejam divulgados números, a procura para o período de fim de ano também vem aumentando, segundo o administrador Carlos Viebrantz.

Fundado há 10 anos, o estabelecimento tem capacidade para cerca de 50 hóspedes e boa parte do público é formada por cicloturistas que percorrem as estradas do Vale Europeu sobre duas rodas.

Foto: Mariana Furlan / Agencia RBS
(Por Jean Laurindo – Jornal de Santa Catarina)
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