O dia que era para ser de alegria para Lucas Vinicius dos Santos se transformou em dor e indignação. Após uma longa batalha judicial pela guarda da filha, uma bebê de 1 ano e 11 meses, o pai a buscaria para morar com ele. Mas horas antes, no final da tarde dessa sexta-feira (20), a menina foi encontrada morta, em Joinville.
O padrasto da criança foi preso acusado de ter assassinado a criança por asfixia.
A menina chegou a ser socorrida por familiares e vizinhos, atendida pelo Samu e por profissionais da Unidade Básica de Saúde do bairro Ulysses Guimarães, na zona Sul da cidade.
Pai alega negligência
Lucas esteve na manhã deste sábado no IML (Instituto Médico Legal) com toda a documentação que reuniu durante o processo de requisição da guarda da filha.
Nos documentos, a alegação era de negligência contra a mãe, com diversas fotos e vídeos em anexo mostrando falta de higiene e de cuidados com a saúde da bebê. Além disso, o descumprimento das visitas estipuladas pela Justiça.
“Estou na frente do IML, vai fazer um ano e meio que estou atrás da guarda da minha filha mostrando negligência. Faz três meses que o Ministério Público deu parecer a meu favor e nada, a Justiça deixou para a última hora”, desabafa o pai.
“Hoje, oito horas da manhã, era para eu pegar a guarda da minha filha, para eu estar com a minha filha. Mas hoje, oito da manhã, eu estou aqui no IML para pegar o corpo da minha filha. Nós comprovamos a negligência e ontem ela morreu por descuido. Ela morreu por negligência. Estou há 25 horas acordado esperando o corpo da minha filha e não sei o que eu faço”, continua Lucas.
Último encontro
Lucas soube da morte da filha apenas às 21h, quando voltou do trabalho. “Falaram que ela tinha se afogado. A gente não sabe o que faz, acha que só acontece com os outros”, diz.
A última visita à filha aconteceu no domingo (15), quando eles foram pescar. “Foi a última visita, fomos pescar, brincar. E agora não tem mais visita, não vou mais ver ela, parece um sonho, a gente acha que é mentira, mas acontece”, lamenta.
Investigação
A Polícia Civil foi acionada pelo posto de saúde para onde a menina foi levada desacordada. Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), acionado pela unidade, tentaram reanimar a criança, mas ela já estava morta.
A mãe teria deixado a menina com o padrasto para ir trabalhar. Inicialmente, de acordo com o delegado, havia a informação de que a criança teria sido encontrada na piscina, versão que gerou desconfiança dos policiais que estiveram no local. Entretanto, segundo Alves, a investigação apontou que o próprio padrasto teria simulado o afogamento.
“Ele a colocou na piscina, onde ela se molhou, e já saiu retirando e gritando que precisava de ajuda, que ela tinha morrido. Mas o que foi determinante [para descartar a hipótese de afogamento] foi o exame realizado pelo médico legista, que não constatou nenhum pingo de água nas vias aéreas”, afirmou Alves.