Padrasto mata bebê um dia antes do pai ganhar a guarda na Justiça

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Um homem de 20 anos foi preso em flagrante na manhã deste sábado (21) acusado de matar a enteada, de 1 ano e 11 meses de idade, em Joinville, no Norte catarinense. A criança teria sido encontrada desacordada na tarde de sexta-feira (20) na piscina de uma casa vizinha a da família, no bairro Ulysses Guimarães, Zona Sul do município. Em depoimento à polícia, o padrasto alegou que a menina teria se afogado.

De acordo com o delegado Wanderson Alves Joana, da Delegacia de Homicídios (DH), a possibilidade de afogamento foi descartada após a polícia receber o laudo preliminar, emitido nesta manhã, pelo legista do Instituto Geral de Perícias (IGP). O documento final deve ser enviado à polícia em um prazo de 10 dias.

“[O laudo] descartou afogamento e relatou compressão direta das vias aéreas [respiratória], ou seja, alguém tapou as vias aéreas, mas não foi água, foi outra coisa. É uma asfixia, mas não por água. Compressão de vias aéreas não há outra hipótese se não for provocada por um terceiro. Com base nisso, e ouvindo algumas testemunhas, nós estamos convictos com a prática de feminicídio”, explicou.

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O delegado afirmou que a mãe e o padrasto teriam recebido uma intimação judicial sexta-feira (21) determinando que ela entregasse a criança para o pai em um prazo de 24 horas.

Pai ganhou a guarda na justiça

Lucas esteve na manhã deste sábado no IML (Instituto Médico Legal) com toda a documentação que reuniu durante o processo de requisição da guarda da filha.

Nos documentos, a alegação era de negligência contra a mãe, com diversas fotos e vídeos em anexo mostrando falta de higiene e de cuidados com a saúde da bebê. Além disso, o descumprimento das visitas estipuladas pela Justiça.

“Estou na frente do IML, vai fazer um ano e meio que estou atrás da guarda da minha filha mostrando negligência. Faz três meses que o Ministério Público deu parecer a meu favor e nada, a Justiça deixou para a última hora”, desabafa o pai.

“Hoje, oito horas da manhã, era para eu pegar a guarda da minha filha, para eu estar com a minha filha. Mas hoje, oito da manhã, eu estou aqui no IML para pegar o corpo da minha filha. Nós comprovamos a negligência e ontem ela morreu por descuido. Ela morreu por negligência. Estou há 25 horas acordado esperando o corpo da minha filha e não sei o que eu faço”, continua Lucas.

Mãe defende o Padrasto 

A mãe da criança acredita na inocência do marido. De acordo com Maria Helena da Silva Francisco Neto, o marido – e padrasto da criança – não tinha motivos para cometer o crime.

“Ele não fugiu, não fez nada. Ele estava lá, desesperado e vendo a filha dele respirar, meu Deus. Ele nunca deu um grito ou tapa naquela menina. Eu quero justiça, porque isso não está certo”, disse a mãe da menina.

Investigação

A Polícia Civil foi acionada pelo posto de saúde para onde a menina foi levada desacordada. Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), acionado pela unidade, tentaram reanimar a criança, mas ela já estava morta.

A mãe teria deixado a menina com o padrasto para ir trabalhar. Inicialmente, de acordo com o delegado, havia a informação de que a criança teria sido encontrada na piscina, versão que gerou desconfiança dos policiais que estiveram no local. Entretanto, segundo Alves, a investigação apontou que o próprio padrasto teria simulado o afogamento.

“Ele a colocou na piscina, onde ela se molhou, e já saiu retirando e gritando que precisava de ajuda, que ela tinha morrido. Mas o que foi determinante [para descartar a hipótese de afogamento] foi o exame realizado pelo médico legista, que não constatou nenhum pingo de água nas vias aéreas”, afirmou Alves.

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