Poucas e Boas – E a FECAM continua fazendo lambança (PARTE II)

Num histórico de anos com eleições de consenso, pleito da FECAM deste ano gera impasse e insegurança no municipalismo catarinense
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Está quase dando para montar uma minissérie com os acontecimentos da FECAM desde a posse do novo presidente Clenilton Pereira, prefeito de Araquari, que está a frente da instituição. Nesta coluna vou trazer algumas situações intrigantes que envolve contratos e até diárias concedidas ao presidente pela FECAM.

Na última coluna falei da saúde financeira da instituição que não anda lá aquela coisa e fechou o mês de julho com um prejuízo de mais de 364 mil reais.

O que aconteceu na gestão do atual presidente até agora, foi muita propaganda com promoção pessoal, muita promessa de vacina, negociações estranhas, contratações de amigos e até mesmo da empresa do médico de Rio do Sul, Jailson Lima da Silva, que atua como consultor de saúde. (Saiba Mais)

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O que me chamou atenção foi a contratação da “Optima Soluções Inteligentes”, que irá reformular os sites dos municípios associados da FECAM, cidades pequenas que não tem grana para “bancar” um site novo, serviço realizado até então pela RedeCIM. O valor? A bagatela de 758.459 mil reais.

Olhando e pesquisando documentos, cheguei ao nome de Fernando Schafaschek, ex-sócio da empresa “Saúde Super LTDA”, que tem um contrato de consultoria em saúde com a FECAM, no valor de R$ 12.000,00. Fernando foi sócio de Jailson Lima da Silva por muitos anos, até que a cirurgiã plástica Taynah Bastos Lima Da Silva, filha de Jailson, entrou na sociedade, em maio deste ano.

Fernando é titular da empresa “Optima Soluções Inteligentes”, aberta em março desde ano, fechou o polpudo contrato com a FECAM para cuidar dos sites dos municípios, citado acima, em julho deste ano. A Optima também fechou o contrato de DataCenter com a FECAM, por R$ 32.000,00 por mês, também nesse mês de julho, totalizando 384 mil reais em um ano de contrato.

Em resumo, de cara, são mais de R$ 1.140.000,00 em contratos com a FECAM, da mesma empresa, que é do ex-sócio da empresa que dá consultoria em saúde.

Ufa! E tem mais. Continua lendo.

NOTA

O assessor de comunicação da FECAM entrou em contato comigo relativo a coluna que publiquei esta semana. Ele não falou do tema principal da coluna, mas fez um breve relato sobre a necessidade dos novos contratos na área de tecnologia e a evolução nos serviços prestados pela FECAM aos municípios. Obrigado pelo feedback, Gayoso.

SERVIÇO

A fala do assessor me chamou atenção olhar com mais cuidado os contratos firmados.

Na área do Datacenter, o preço está bem acima valor de mercado praticado no modelo do servidor dedicado contratado. Mesmo porque não tem operação, afinal a FECAM já tem um contrato de consultoria em TI que custa 6 mil reais por mês. É uma super máquina, acredito até que superdimensionada dentro de suas configurações, para a real necessidade da instituição e dos municípios. E sim, além de eu ter um conhecimento na área consultei 2 profissionais da área e foram uníssonos na resposta.

Nos serviços descritos como “Desenvolvimento de software de escopo fechado”, confesso que o contrato me deixou bem confuso. Na descrição do serviço que será prestado, exige o desenvolvimento de um sistema de gerenciamento de conteúdo em “escopo fechado” mas exige que usem a plataforma WordPress e um gerenciador “Open Source”, ou seja, código aberto. Para os leigos, “software de escopo fechado” é um sistema ou programa que não permite alteração. Open Source, ou código aberto, são sistemas que permitem alteração e adaptações por programadores, de acordo com as necessidades do usuário.

Tirando essa confusão estranha, o pagamento também é estranho. São R$ 758.459,16, sendo pagos R$ 258.459,16 na assinatura do contrato e mais 4 parcelas de R$ 125.000,00. Depois disso, com o serviço entregue, a empresa vai receber mais R$ 21.500,00 por mês para gerenciar, treinar, dar suporte e comandar todo o sistema, assinado por um ano. Ou seja, além dos R$ 758 mil, ainda tem mais R$ 258.000,00 de mensalidades. Só esse contratinho rendeu R$ 1.016.459,00. Lembrando que a empresa abriu em março e é ex-sócio de uma empresa que fechou contrato com a FECAM quando ele ainda estava na sociedade. UFA! De novo.

Teoricamente, não tem nada ilegal e nem mesmo estou dizendo que existe alguma ilegalidade, mas acredito que os gestores municipais não tem acompanhado esses gastos de pertinho. É importante saber o que está sendo feito com o dinheiro público né?

DIÁRIAS

Olhando as prestações de contas da FECAM, encontrei uma grande quantidade de diárias e reembolsos pagos aos membros da diretoria e para o presidente em suas viagens. Além de refeições em restaurantes chiques e com valores altos, comecei a ficar intrigado em como que um prefeito de uma cidade viaja tanto em nome de uma instituição.

Descobri que o presidente, que é prefeito de Araquari, recebe diária toda vez que vai até a sede da FECAM em Floripa. Sim, são R$ 440,00 cada vez que Clenilton vai até Florianópolis. Sem contar as outras viagens a Brasília e cidades do Estado.

Uma coisa que me chamou atenção, foi uma viagem no final de Maio para Brasília, que o presidente ganhou R$ 1750,00 em diárias para um evento entre os dias 31/05 e 02/06, na Confederação Nacional de Municípios.

Olhando no Portal da Transparência da Prefeitura de Araquari, descobri que o município também pagou diárias para a mesma viagem, totalizando R$ 2.240,42. Ou seja, o presidente da FECAM e prefeito de Araquari recebeu diárias pelo município e pela instituição para a mesma viagem.

Neste caso, quem pagou as passagens aéreas foi a FECAM. Duas diárias pela mesma viagem? Isso não é errado?

Ah… e lembra daquela viagem para a Rússia, pela FECAM, para conversar sobre as vacinas Sputnik que nunca foram compradas e nem mesmo a ANVISA autorizou?

De acordo com a matéria da FECAM, Clenilton foi para Rússia em nova investida pela Sputinik, como podemos ver abaixo.

Olhando novamente o Portal da Transparência da Prefeitura de Araquari, descobri que quem pagou essa viagem, com a desculpa de que o prefeito estaria indo buscar investimentos, foi o próprio município. As vacinas não vieram, os investimentos nem notícia, mas a mídia em cima da viagem foi grande.

Infelizmente não consegui encontrar quem pagou as passagens aéreas do presidente, mas do consultor em saúde Jailson da Silva, foi a própria FECAM.

No texto da matéria da FECAM que anunciava a viagem para a Rússia, dizia “Acompanhou o roteiro o Consultor de Saúde da FECAM, Jailson Lima, que tem conduzido ativamente as negociações da Sputnik V. Ambos custearam passagens e hospedagem com recursos próprios.“.

Bem… Não é o que diz o Portal da Transparência do Município de Araquari e a prestação de contas da FECAM.

OUTROS PAGAMENTOS

Por último, e não menos importante, foram os pagamentos em alimentação.

R$ 478,66 na Macarronada Italiana em Floripa, R$ 668,50 no La Cusine em Tubarão, R$ 187,00 para UMA pessoa na churrascaria Di Fiori em São Miguel do Oeste e R$ 1210,00 no Rancho Açoriano para fazer graça com visitante. Essas são só algumas das despesas com alimentação.

Teve uma de R$ 2.200,00 que me chamou atenção. Cadastrada como despesa para um “Coffee Break” em Canoinhas, o valor me deixou pasmo. Ao verificar a empresa que recebeu, “Trans-mancha Transportes Ltda”, a princípio o endereço da mesma dava em um posto de gasolina. Me assustei em imaginar que coxinha e café foram comprados na conveniência.

Demorou até eu descobrir que se tratava de um Hotel, no Centro da Cidade, que tem o CNPJ filial da transportadora. Vendo no site da FECAM, o evento na verdade foi no auditório do Hotel Petry e o valor provavelmente inclui a locação do local para o evento híbrido. Ufa! Pelo menos isso. Mas vamos descrever a despesa corretamente né?

ILEGAL OU IMORAL 

Se é ilegal eu não sei.
Se é imoral, cabe a interpretação de cada um.

As conclusões, cabem aos leitores.

Só espero não ter a “Parte III”


Poucas e Boas – E a FECAM continua fazendo lambança (PARTE II)
Coluna Poucas e Boas – Por Gian Del Sent

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