Funcionário da prefeitura de Balneário é preso por golpes imobiliários na região.

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Efetivo desde 1998, Jianilanes dizia às vítimas que, graças a uma juíza, arrematava imóveis baratinhos em leilões; golpe chega a R$ 5 milhões

Jianilanes Dario, motorista da prefeitura de Balneário Camboriú, foi preso na manhã de ontem pela divisão de Investigação Criminal (DIC) da cidade. Ele é acusado de aplicar golpes milionários em pelo menos quatro vítimas. O cara prometia arrematar imóveis de leilões por um valor bem abaixo do de mercado e acabava embolsando o dinheiro dos interessados. Pra dar “moral” ao golpe, ele dizia que uma juíza o ajudava.
O motorista foi preso no centro de Balneário Camboriú. A prisão é preventiva, aquela por tempo indeterminado. Buscas e apreensões foram feitas no sítio onde o acusado morava com a família, em Camboriú, e em dois apartamentos no centro de Balneário. Documentos e duas caminhonetes foram apreendidas.
O delegado Osnei Valdir de Oliveira informou que a justiça autorizou o sequestro de um sítio, dos caminhões e de cavalos caros. O acusado vai responder pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e exploração de prestígio, pois usava o nome de uma juíza para ganhar a confiança das vítimas. Ele também foi preso em flagrante por porte ilegal de armas.

Golpe do chute
O delegado Osnei conta que as investigações começaram no final do ano passado, após a denúncia de uma vítima.
Jianilanes dizia que conseguia arrematar imóveis com valores baixos porque contava com a ajuda de uma juíza da Vara da Fazenda Pública, que seria responsável por agilizar o processo. “A pessoa interessada adiantava os valores, fazia depósitos bancários ou transferências, mas estes imóveis que ele anunciava não existiam”, conta o delegado.
A juíza não tem participação no esquema e teve seu nome usado indevidamente. Durante as investigações, foram ouvidas quatro vítimas, sendo que uma delas pagou quase R$ 1 milhão para o golpista. O valor embolsado pelo estelionatário chegaria a R$ 5 milhões.
Com a prisão de Jianilanes e as apreensões de documentos, a polícia vai continuar as investigações para apurar se a esposa e a filha dele também participavam do esquema criminoso. O delegado explica que os pagamentos dos imóveis eram feitos na conta bancária da mulher de Jianilanes, que é dentista.
A empresa Victória Terraplanagem, anexa ao sítio, está em nome da filha de Jianilanes. A empresa seria usada para lavar dinheiro.
As duas familiares serão chamadas para prestar depoimento na DIC. “Vamos analisar os documentos e todo o material apreendido”, adianta Osnei.

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Funcionário-fantasma 
no município
Jianilanes Dario é motorista efetivo da prefeitura de Balneário Camboriú desde 1998. Pelo Portal da Transparência, ele ocupa o cargo de motorista da secretaria da Pessoa Idosa. Porém, durante as investigações, a DIC descobriu que o cara não aparecia para trabalhar. “É funcionário fantasma. Isso também vai ser apurado,” comenta o delegado.

Karine Gomes, secretária de Gestão Administrativa, confirma que o motorista não estava indo trabalhar. Ela informou que no dia 2 de maio, Jianilanes foi transferido para a secretaria de Saúde, mas nunca se apresentou no serviço. “Desde novembro, ele não recebe o salário completo da prefeitura e tem descontadas várias faltas”, explicou Karine.
O salário dele, com triênio, é de R$ 2514,65. Há três meses, o cara deixou de receber o salário e tem uma dívida de R$ 1664,78 com a prefeitura. “Desde a transferência de secretaria, ele não apareceu mais,” diz a secretária.

A secretaria de Saúde enviou ontem o caso para a abertura de um processo administrativo. No final da investigação, a comissão pode até exonerar o cara. Outros dois casos parecidos com o dele, de faltas sem justificativas, foram enviados ontem para a comissão.
No Portal da Transparência, no mês de junho, aparece que o acusado tem R$ 1501,95 de salário. A secretária explica que o Portal não apresenta o valor líquido, que indicaria quanto o funcionário de fato recebeu naquele mês. Segundo ela, Jianilanes não recebeu nem um real.

O valor que aparece no Portal, segundo Karine, seria o que ele deve para a prefeitura pelos benefícios pagos, como, por exemplo, o plano de saúde. A dívida acumulada de Jianilanes com a prefeitura de BC, em julho, é de R$ 1664,78.
A secretária promete deixar o Portal da Transparência mais claro, para incluir na folha de pagamento dos servidores municipais a informação “valor líquido a receber”, que evitaria esse tipo de confusão.

Na justiça
Rafael Pierozan é o advogado de três vítimas de Jianilanes. Ele conta que o acusado iludia as pessoas com a promessa de conseguir arrematar imóveis que seriam ótimos investimentos. “Ele ludibriava as pessoas até ganhar a confiança. Vendia sempre uma ilusão”, completa o advogado.

 

Fonte: Diarinho

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