SC tem o terceiro maior número de startups com tecnologia emergente

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Foto: Fabricio Hertz, da Hórus, junto a outros dois sócios, criou o conceito de inteligência agrícola e de coleta de dados com drones

Santa Catarina é o terceiro estado brasileiro em número de startups com tecnologias emergentes. O dado faz parte de levantamento realizado pela Liga Ventures, aceleradora para este modelo de negócio.Das 193 empresas iniciantes mapeadas na pesquisa, 20 delas, cerca de 10%, têm sede no Estado. São Paulo lidera o ranking, com 48%, seguido por Minas Gerais, com 14%. No total, mais de 7,5 mil startups foram analisadas.Segundo o presidente da Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate), Daniel Leipntiz, o resultado positivo é fruto de um trabalho que vem sendo construído há 30 anos. Ele acrescenta que SC tem um ecossistema voltado para o setor tecnológico, que representa 5% do PIB estadual e fatura R$ 11,4 bilhões por ano.

Leipnitz destaca que o Estado tem a maior proporção de startups por habitantes do país. Diante disso, ele prevê um futuro promissor para o setor, em especial no desenvolvimento de novas empresas. – A tendência é de um crescimento exponencial nos próximos anos, com uma interiorização maior. Para isso, é necessário um estímulo ainda maior para o fortalecimento das novas empresas que surgem. Um dos caminhos é criação de centros de inovação – diz o presidente da Acate.

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Tendências para o setor

Na visão de Sérgio Risola, diretor do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), um dos principais polos do país, ligado à Universidade de São Paulo (USP), a representação de Santa Catarina no levantamento ficou até mesmo aquém do potencial. Segundo ele, o Estado “desequilibra para cima” os indicadores do setor e serve até mesmo como exemplo para outras regiões do país. Um dos fatores desse “desequilíbrio”, diz, é o programa Sinapse da Inovação, da Fundação Certi, que ajuda a estruturar empresas em estágio inicial.

 — SC faz tão bem a lição de casa que está começando a ajudar os outros a fazer a deles — brinca.

Para o CEO da Liga Ventures, Rogério Tamassia, o levantamento apresenta algumas tendências para os próximos anos, entre elas a evolução e aplicação da Internet das Coisas e da Inteligência Artificial no mercado como um todo:

— Essas inovações tecnológicas têm potencial para transformar a sociedade e os negócios em pouco tempo e serão essenciais nos próximos anos, chegando ao nível de importância que a internet tem hoje, tanto para as empresas como para a comunidade.

Drones de empresa da Capital monitoram produção agrícola

Da paixão por aeronaves remotamente tripuladas, os populares drones, nasceu a Horus, startup florianopolitana que já conta com 30 funcionários e foi incluída na lista da Liga Ventures. Então estudantes de engenharia mecânica, Fabricio Hertz, Lucas Mondadori e Lucas Bastos fundaram e são os atuais sócios da empresa, criada oficialmente em fevereiro de 2014.Hoje, explica Hertz, eles se dividem em dois ramos: a fabricação de drones em si, muito mais potentes que os de uso exclusivamente para lazer, e a análise dos dados e de tecnologia agronômica.

— Já temos mais de 700 clientes que usam a base da nossa plataforma, tanto para a agricultura quanto para pecuária, topografia, mineração e controle ambiental — diz o CEO da empresa.

A grande questão é saber o que fazer com as informações coletadas pelos drones. Um deles pode percorrer uma área de até 5 mil hectares em um único voo. Para isso, foi criado um software de análise de dados, com equipes exclusivas de agronomia e geoprocessamento.

— É gerado um relatório que permite fazer avaliações, como o percentual de área falhada em uma plantação e as áreas afetadas por alguma praga. Isso permite economia do uso de herbicidas, por exemplo, além de outros benefícios — acrescenta Hertz.

Energia eólica mais acessível

Transformar a energia eólica em algo acessível é a ideia que motiva a Dayback, startup com sede no Parque Celta, na Capital. Hoje, a empresa trabalha com a venda de placas de energia solar e com sensores de consumo. Mas o grande salto está por vir com o desenvolvimento dos protótipos eólicos portáteis, que poderão ser instalados em corredores de vento nas grandes cidades. Uma parceria com a Eletropaulo, concessionária de distribuição de energia de São Paulo, garantiu um aporte financeiro e a instalação dos primeiros exemplares em prédios da empresa. O maior dos três modelos pode abastecer uma casa com três a quatro pessoas.

— Com essa ideia do eólico urbano poderemos mudar de patamar — diz o CEO da empresa, Juliano Mazute.Atualmente, a Dayback possui sete funcionários e um faturamento anual de aproximadamente R$ 1,4 milhão.

Gestão de propriedades rurais

A família do empresário Xisto Alves tem fazendas para pecuária de corte na região de Lages, mas ele sempre sentiu que poderia aumentar a produtividade usando a tecnologia. Pensando nisso, criou a JetBov e desenvolveu um software para fazer a gestão desse tipo de propriedade .

— Ajudamos o pecuarista com todas as questões que envolvem produção, custos e gestão financeira. Nosso sistema permite ao produtor ter informações para melhorar a sua produtividade, agregar mais valor ao produtor e ter mais rentabilidade — explica.

O público da empresa, que atualmente possui 15 funcionários, são as pequenas e médias propriedades, encontrando inclusive destinos para a carne produzida. Já são mais de 400 clientes em 20 Estados do país. Mais de 400 mil cabeças de gado já estão cadastradas no sistema. E a taxa de crescimento é de fazer inveja a qualquer negócio: 20% ao mês.

 

Em ascensão
D
istribuição de startups com tecnologias emergentes no país (em %)
SP       48
MG     14
SC       10
RS       7
PR       7
RJ        7
PE       3
DF       2
BA      2
GO      1


 

Por: Leandro Borges / Diário Catarinense
Foto: Diorgenes Pandini / Diário Catarinense

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