Investigadas pelo TSE, as gráficas que receberam dinheiro da campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014 e foram alvo de busca e apreensão nesta terça-feira (27) são pequenas e despertavam a desconfiança de vizinhos.
A Folha esteve nos endereços da Rede Seg Gráfica e Editora, no bairro de Veleiros, zona sul de São Paulo, e Focal Confecção e Comunicação Visual, no Ipiranga. Também visitou a sede da VTPB, na Casa Verde.
Todas as gráficas, que receberam entre R$ 6 milhões e R$ 24 milhões da chapa de Dilma e Temer, funcionam em pequenos imóveis. Todos estavam fechados nesta terça.
Segundo vizinhos da Rede Seg, que não quiseram se identificar, a sede da gráfica onde foi feita a busca e apreensão nunca serviu para grande produção de conteúdo, e era usada como central de distribuição de materiais de campanha em 2014. De acordo com eles, a maioria dos adereços eleitorais, no entanto, seria de campanhas de deputados do PT, não da chapa presidencial.
Atualmente, dizem, o prédio tem apenas uma funcionária e uma máquina grande, que faz pedidos especiais. Eles afirmam que os materiais de 2014 eram em parte produzidos na Grafitec, gráfica que também pertenceria aos irmãos sócios da Rede Seg, Rogério e Rodrigo Zanardi.
A Folha revelou em 2015 que consta como presidente da empresa Vivaldo Dias da Silva, que em 2013 trabalhava como motorista, com salário de R$1.490. Ele teria sido levado hoje à gráfica junto com a Polícia Federal para cumprir os mandados.
De acordo com os vizinhos, Dias era visto na empresa de vez em quando, trabalhando como motorista “da outra sede” —a Grafitec. Nesta, onde não houve buscas, um funcionário confirmou que Silva fazia trabalhos esporádicos como motorista.
Dois funcionários da Grafitec, cuja sede é maior e parecia estar funcionando, foram abordados pela Folha, mas informaram que a reportagem deveria conversar com o advogado da gráfica. Ele, porém, não foi encontrado.
Segundo a Folha apurou, a VTPB não possui equipamentos de gráfica, sendo usada apenas para armazenamento.
Já as sedes da Focal, que recebeu R$ 24 milhões da campanha, foram fechadas. No terreno original, em São Bernardo do Campo, onde a empresa funcionava em 2014, já não há nada. Na sede nova, um sobrado em uma rua pacata do Ipiranga, placas de “aluga-se” estão penduradas em todo o imóvel.
Segundo vizinhos, se tratava de uma empresa pequena, com “dois ou três funcionários operando as máquinas”. Um homem, que não quis se identificar, disse que havia movimentação de caminhões na madrugada, mas que durante o dia eram poucos os clientes do estabelecimento, que teria aberto e fechado em 2016.