Lágrima, o traficante que acusou PMs de tortura, é preso no Paraná

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Não durou muito a fuga de Pedro Paulo Silva, 20 anos, conhecido como Lágrima ou Pepê. Acusado de matar um desafeto em abril, Pepê ficou famoso ao denunciar seis policiais militares do PPT por crime de tortura.
A denúncia à polícia Civil resultou na prisão dos seis policiais e também causou uma crise entre a PM e a polícia Civil em Balneário Camboriú.
O esconderijo do cara foi descoberto em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ele foi preso na quinta-feira da semana passada.
O delegado Osnei Valdir de Oliveira, da divisão de Investigação Criminal (DIC) de Balneário Camboriú, e mais dois policiais foram pra Foz do Iguaçu atrás de Pepê.
Ele estava escondido na casa de amigos da namorada. “Desde maio estávamos atrás dele. Ele foi alternando os esconderijos,” explica o delegado Osnei.
Pepê matou Kelvim Amaral Chiele, 18, o Cebolinha, com um tiro na cabeça, no dia 10 de abril. Uma das provas é a perícia feita na arma dele, que confirmou que ela foi usada na morte de Cebolinha. Pepê também confessou o crime.

Montaram emboscada
Outro que tá pagando pelo crime é Wesley Freitas Lima, 19, preso desde o mês passado por ter participado do assassinato de Cebolinha. Wesley atraiu a vítima até a embarcação, no bairro da Barra, com a desculpa de irem fumar maconha. “Ele montou uma emboscada para matar Cebolinha”, conta o delegado. Cebolinha levou um tiro na cabeça. Wesley foi preso em junho em um ponto do tráfico de drogas no bairro Nova Esperança.
A história que contaram à polícia é que Cebolinha deu em cima da companheira de Pepê. Na época, eles estavam separados, mas mesmo assim o cara ficou cabreiro e prometeu vingança.
“Eles não aceitam esse tipo de prática ‘talaricagem’”, fala o delegado, usando um termo da bandidagem.
Pepê, além de responder pelo assassinato junto com Wesley, também será enquadrado por tráfico de drogas, porte ilegal de arma e organização criminosa. Os dois estão aguardando julgamento no presídio da Canhanduba. Com a conclusão do inquérito, o delegado Osnei vai pedir a prisão preventiva dos dois.

Torturado pela PM
Desde abril, a DIC já sabia que Pepê tinha matado Cebolinha. O mandado de prisão foi pedido à justiça no dia 23 de abril. Só que um dia antes de a justiça autorizar a prisão, o carinha procurou a polícia Civil denunciando que foi vítima de uma sessão de torturas praticada por seis policiais militares de Balneário. Os PMs teriam obrigado o cara a confessar o assassinado. Outras duas pessoas ligadas ao bandido também teriam sido torturadas. Depois de denunciar o caso ao delegado Osnei, Pepê fugiu.
A DIC investigou o caso e, segundo o delegado Osnei, foram confirmadas as torturas. O delegado pediu e a justiça autorizou a prisão dos seis policiais acusados. Eles chegaram a ficar presos temporariamente no quarte da PM.
Já a versão da polícia Militar para o caso é bem diferente. Segundo os policiais, Pepê sempre foi um “X9” deles, ou seja, um cagueta da bandidagem.
Ontem, ouvido pelo DIARINHO, Pepê negou a vida dupla.“Eles [policiais militares] falaram que eu caguetei onde estava a arma do crime… Como eu iria caguetar onde estava a minha droga e a minha arma, sendo que eu não queria pagar sete anos de cadeia, sabendo que é o mínimo para um homicídio?!”, disse. Segundo ele, houve a sessão de torturas e ameaças sim. A investigação sobre a conduta dos policiais militares continua correndo na justiça.

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Fonte: Diarinho

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