Randolfe Rodrigues diz que usa “estratégia” para conseguir ações do STF

(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
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Circula nas redes sociais um vídeo do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) durante uma entrevista no Twitter no dia 18 de agosto, em que ele explica sua estratégia para passar por cima da PGR e conseguir com que o STF aja, conseguindo seu objetivo.

Embora a legenda diga “em áudio vazado, Randolfe afirma que controla ações da PF e do STF”, e agências de checagem afirme a informação como sendo “fake”, as afirmações tem sim grandes verdades.

O áudio de fato não foi vazado, ele era público e aberto à toda comunidade da rede social, mas as afirmações do parlamentar são preocupantes uma vez que, em partes, não deixa de ser um “controle” de ações das instituições usando de seu cargo como senador. Vejamos.

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Quando a conversa alcança o tempo de 1h29 Randolfe diz:

“É por isso que eu não perco tempo fazendo, direcionando qualquer petição a Augusto Aras (PGR). Eu não perco tempo fazendo, direcionando qualquer petição, qualquer notícia-crime a Augusto Aras. Porque é inócua. Porque faço a estratégia de fazer petição direto ao Supremo? Porque aí, sim, o Supremo Tribunal Federal aí pede a manifestação do Procurador Geral da República e da Polícia Federal sobre as providências, mas sobretudo pede a movimentação da Polícia Federal.”

Ou seja, o senador afirma que usa a estratégia de passar por cima da PGR, que seria o procedimento padrão, para pedir direto ao supremo, e assim a corte movimente a PGR e a Polícia Federal, ciente que seus pedidos seriam prontamente atendidos.

O senador completa:

“Como é um inquérito, o presidente do inquérito (Alexandre de Moraes) pode se manifestar para as providências a serem tomadas independente da tomada de decisão e de qualquer tipo de encaminhamento da parte de Augusto Aras. Essa é a vantagem de ser um inquérito. Não se depende dele. Não se trata de uma ação. Não estamos movendo uma ação civil pública. Estamos peticionando no âmbito de um inquérito que está em curso e o presidente do inquérito se chama Alexandre de Moraes e o presidente do inquérito pode despachar, se quiser, as providências que nós lá encaminhamos, lá pedimos.”

A verdade é que existe sim uma estratégia para que o STF, através do seu pedido, faça a sua vontade, o que não deixa de ser um controle. Arquitetado ou não, de fato, o senador, em partes, controla as ações com seus pedidos.

No alto de sua arrogância, o senador ainda afirma que o seu partido “assumiu o posto” dizendo que havia ausência de um Procurador-Geral da República, deixando claro sua estratégia de atropelar atribuições através de brechas no sistema.

Às 2h de conversa, o senador diz: “No intervalo de tempo entre 2018 e 2022, na ausência do procurador-geral da República, um partido político chamado Rede Sustentabilidade assumiu essa função.”

Petição confirma estratégia

Vale lembrar que dia 17 de agosto, um dia antes da entrevista, Randolfe usou esta tática peticionando ao STF, dentro de um inquérito, investigação sobre os empresários que trocaram mensagens em um grupo, apoiando um “suposto” golpe.

A petição solicita a tomada de depoimento dos envolvidos, a quebra dos sigilos, o bloqueio de contas e as necessárias prisões preventivas. O senador acrescenta que o inquérito que investiga os ataques ao regime democrático seria o melhor instrumento para incluir a apuração referente aos empresários.

“O presente inquérito, que apura os ataques ao regime democrático, é o melhor instrumento para responder a essas indagações, sendo imperioso que o STF atue em defesa da Constituição Federal, do regime democrático e do sistema eleitoral”, afirma o texto da petição. “Dessa forma, requer-se que sejam apurados os fatos noticiados […] com a imediata remessa ao Ministério Público e à Polícia Federal para a tomada de depoimento dos envolvidos, a quebra dos sigilos, o bloqueio de contas e as necessárias prisões preventivas”, conclui.

Dois dias depois, no dia 19, Alexandre de Moraes determinou busca e apreensão nos endereços dos empresários.


Randolfe Rodrigues diz que usa “estratégia” para conseguir ações do STF
Poucas e Boas – Por Gian Del Sent

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